O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

terça-feira, abril 14, 2020

AS MULHERES E AS SERPENTES...


MÁS COMO AS COBRAS…

As mulheres são muitas vezes ou quase sempre associadas as serpentes… diz-se das mulheres que são astutas, sibilinas, venenosas e más,  que são  traiçoeiras e letais, que são ciumentas umas das outras e invejosas e isso é verdade…Contudo e para lá da história dos homens e do mito religioso, para lá dos seculos,  há nesta realidade de facto: mulheres que são, tal como as serpentes, condenadas a rastejar de traição em traição...elas  mordem os calcanhares das outras mulheres que sejam autenticas e não lhes perdoam a integridade, e sempre que estas se lhes colocam de alguma maneira  a jeito ou lhes viram as costas…ou se se atravessam na frente das suas ambições ou vaidades, elas matam ou destroem. São as mulheres fiéis desse deus iracundo e perverso  que vivem em função dos homens e defendem a paternidade, o nome do Pai, vendendo-se e traindo as outras mulheres. Elas são as servas do senhor e escusam de falar da Deusa e da Mãe e da Natureza porque a sua função e acção é traiçoeira e o seu fim é destruir tudo o que é feminino e sagrado dentro delas para continuarem a servir o deus macho e a se sacrificam em função do Homem, do Pai e do Filho...

É verdade que eu sou pagã e nego o  deus dos patriarcas, o velho e abominável deus das religiões ginofóbicas e misóginas que originou esta rivalidade entre as mulheres e colocou inimizade entre a mulher e a serpente e as fez trair a sua essência. Foi esse velho misógino Jeová que declarou o ódio entre a Serpente, símbolo da Grande Deusa Mãe, e condenou cada mulher a pisar a serpente porque seria  mordida no seu calcanhar  senão lhes esmagar a cabeça como faz a mãe do filho dele…

Não! Não tenho nenhum respeito pela lei nem pela tradição judaico ou cristã nem a muçulmana. Sou pagã e a minha fidelidade a Terra Mãe impede-me de aceitar do fundo das minhas entranhas a tutela desse deus usurpador e feroz que castigou a mulher a primeira mulher e a condena ao descrédito e à subserviência. Sou fiel as minhas raízes celtas e druidas, continuo fiel da Deusa Mãe e da Filha. Deméter, Rainha da Terra e Perséfone a Filha sagrada que detinha os mistérios de Elêusis. Minha memória é velha como eu e não aceito hierarquias nos céus nem na Terra ...porque é na Terra que vivo e  é a Mãe e só à Mãe  que sou fiel.

rosa leonor pedro

Sem comentários: