O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

terça-feira, abril 14, 2020

AS RAIZES DA NOSSA HISTÓRIA



A NOSSA VELHA HISTÓRIA E COMO TUDO COMEÇOU…

 "...É uma história demasiado velha e complexa para que possa ser explicada num quadradinho. Vou tentar resumir, para assim poder encontrar linhas para um possível investigação.
É fácil perceber a linhagem masculina através do cromossoma y, nos homens, claro, e este cromossoma liga-nos aos indo-europeus que chegaram à ibérica em duas principais vagas a partir de cerca de 1800 a.c. (linhagem R1b-L21 ligada às línguas Q-celticas, como o irlandês e o hispano-celta - período Hallstatt e linhagem R1b-DF27). Já o ADN mitocondrial possibilita-nos conhecer a linhagem feminina, passado para os bebés através da placenta e não do óvulo, e neste caso verifica-se uma predominância de mitocondria pré indo-europeia, ou seja, neo e calcolitica, isto porque os primeiros indo-europeus que chegaram à iberia eram homens, aventureiros, não guerreiros, que deixaram o seu adn por casamento com mulheres autóctones, acabando por apagar quase a 100% o cromossoma y dos homens neoliticos. As mitocôndrias acumulam mutações ao longo do tempo a um ritmo estável (relógio mitocondrial semelhante à degradação estável do carbono 14 que nos serve para datar tecidos biológicos outrora vivos) o que nos permite afirmar que nós, europeus, somos descendentes directos de cerca de 5000 mulheres, se a memória não me falha, que viveram no médio oriente no final da ultima era glaciar. Indo atrás da nossa Eva mitocondrial, sabemos que o homo sapiens teve a sua origem há 200 000 anos em África. No homem, a mitocondria corresponde à cauda do espermatozoide, pela capacidade de produção de energia cinética, e a cauda não entra no óvulo, é descartada, porque se fosse admitida ficaríamos com adn repetido, e a coisa não ia correr bem... a mitocôndria vive no ARN, no citoplasma celular, e é responsável pela correcta replicação celular e de produção de energia nuclear, aquela que transforma o nutriente em movimento efectivo. Ou seja, isto contraria a ideia de que o masculino é movimento, acção, e o feminino é apenas recepção, porque na verdade é a mitocôndria, o princípio feminino que os homens herdam da placenta materna, que impulsiona o núcleo do espermatozoide na direcção do óvulo. Sem mitocôndria, sem "mulher", não há movimento, não há energia, não há acção. A Mulher move o mundo, ainda que no silêncio e também na invisibilidade a que o homem a votou."

Isabella Garneche

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