SAUDADE DA TERRA MÃE E DA DEUSA
A TERRA DAS SERPENTES
“... Se, como já apontámos este território que hoje é Portugal, tem a sua mais antiga referência literária na obra do escritor latino, Rufo Festo Avieno, a Ora Marítima, do século IV antes de Cristo, (...) e se esta primeira referência ao nosso território o designa com o nome de Ophiussa, como “terra de serpentes” e Saefes e Draganis como dois seus povos, e se numa passa passagem deste poema se cita o caso de que os Oestrimnios teriam sido expulsos daqui por uma invasão de serpentes – tudo apontará, entre símbolos, mito e história, através dum nome primevo dum território e de dois dos seus povos, como filhos ou adoradores da serpente, e por um acontecimento de sua existência colectiva, para a natureza ofídica deste território e sua humanidade.”*
*in Da Serpente à Imaculada de Dalila L.P. da Costa, ed. Lello
O CAMINHO DA LUA
(...)
“A saudade pertencendo ao caminho da Lua, sua salvação é dada no mundo sublunar da transformação, do retorno cíclico da terra ao céu e do céu à terra, através da encarnação e reminiscências; tal ainda aquele regido e simbolizado pela serpente e pela espiral, (...)
Toda a estrutura da saudade pertencerá à metafísica lunar: como nesta, a sua ideia central é a do ritmo, na sucessão e união de contrários através do devir, por um dualismo solucionado numa integração final. (...)
A saudade, dentro de todo o seu contexto histórico, será marcadamente feminina, sua forma de ser e conhecer, fazendo-se preferentemente pelo sentimento, tal como essa religião e culto do passado galaico-português. Ela tece os fios do tempo na teia do devir, tal como a Grande –Deusa tecedeira, unindo passado e futuro. Assim já tecia a deusa lunar, como mediadora e senhora do tempo: com uma roca era representada a deusa encontrada em Tróia, assim como Isthar e a grande deusa hitita. E assim também as sucessoras da Grande-Deusa aqui neste mesmo território galaico-português, sobrevivendo através das lendas e tradições populares, as Mouras encantadas, também tecedeiras, como Circe ou Penélope, ou fiandeiras: defronte de seu tear ocultas no seu mundo subterrâneo, fazendo-se ouvir na noite de sua epifania, a noite se S.João; (...)
Alegre e triste, é a concepção da saudade, e também consoladora, tal como seria essa antiga religião da sua deusa. E à saudade pode-se considerar nos tempos de agora, como uma hierofonia lunar: de carácter místico, escatológico e soteriológico. Também como esta religião antiga, ela é fundamentada emocional e passional, e em si contendo esse triplo sentido e finalidade, tal como uma sobrevivência de sua antiga religião dos Mistérios. A saudade sendo no povo galaico-português, a maior sobrevivência actual e europeia, da antiga religião pré-ariana da Grande-Deusa. Daí a sua força de estrutura a singularizar toda uma dada cultura: Força que só lhe poderá advir dessa origem e natureza religiosa.
A saudade precederá também, na actual Galiza e Portugal, a chegada dos celtas, e será, com os vestígios megalíticos, a tradição matriacal e agrária, a demanda do Graal e o regresso ao Paraíso, uma herança do seu fundo pré-ariano.” (...)
Dalila L. Pereira da Costa, no seu livro “DA SERPENTE Á IMACULADA”
Sem comentários:
Enviar um comentário