O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sábado, maio 16, 2020

DOIS TEXTOS



AS MULHERES E OS CAMINHOS ESPIRITUAIS DO HOMEM…que as negam e subestimam continuamente!

No facebook e em grupos,  tenho verificado o quão difícil é para as mulheres compreenderem e aceitarem a sua divisão intrínseca, psíquica, que as torna rivais e opositoras umas das outras sem saberem porquê na vida real...e ver como é bem mais fácil seguirem processos ditos espirituais, mentoras ou mentores que apresentam as coisas do feminino de forma "construtiva", muito certinhas e bonitinhas e incutem no espírito das mulheres a ideia das "energias positivas", a serem sempre positivas... e não das "energias negativas"...e a estarem sempre do lado do "bem e da luz" etc.

 Ironicamente nem as mulheres se apercebem que elas são e representam o polo dito negativo, o feminino como princípio e que a Sombra e o lado escuro, a Lua, se opõem ao dito positivo e ao Sol, ao princípio masculino...e que em qualquer processo de evolução elas não têm senão que assumir e integrar esse lado escuro e irem ao fundo de si mesmas buscar primeiro essas suas reservas, aparentemente "negativas e escuras", assustadoras, como qualidades intrínsecas e que são as suas e lhes pertencem inerentemente e que só as recusam porque elas foram sempre reprimidas porque associadas ao diabólico...ao selvagem...tal como agora a new age faz...

Assim, verifico que mesmo nos ditos "processos espirituais" as mulheres são desviadas de si mesmas enquanto seres da Sombra...e das profundezas, como seres representante do polo feminino ou negativo, para se associarem ao bem e ao lado diurno e solar em função exclusiva das suas relações com o homem...e não trabalham a relação consigo mesmas, mas sim e mais uma vez em benefício da sociedade patriarcalista, ao serviço da sociedade solar e activa que a domina e perverte a sua natureza instintiva e intuitiva, mantendo-a ao serviço da espécie e do Homem...
 (...)
 rosaleonorpedro




O NEGATIVO E O POSITIVO, O BEM E O MAL
 
"A paz sobre esta Terra não pode ser a supressão das forças opostas, mas a sua conciliação no interesse de um fim comum: a vida indestrutível."*
 
 
O que é um estado de negatividade? O que é o luto e a dor da separação e a morte ou a depressão como experiência comum e normal de vida que nos projecta em estados não positivos?
E o que é o positivismo e a ideia de que é superior ao lado negativo das coisas? Só a própria palavra nos induz à rejeição dela...Porque é a tristeza inferior à alegria?
É que para mim tanto uma coisa como outra, extremos de uma mesma experiência - polos opostos a integrar - posto que os dois extremos são concomitantes na nossa vida e em todos os aspectos da nossa vivência -, ao negarmos um lado e privilegiarmos o outro não estamos a cair apenas para um dos lados da balança?
Sim, eu sei que podemos ficar só do lado negativo a chorar e a reclamar das coisas...mas porque não estranhamos que as pessoas estejam sempre "numa boa"? Não é isso uma alienação da Vida?
Não é a vida ela mesma feita de boas e más coisas, de chuva e de sol, de frio e quente, de alegria e tristeza? Porque é a tristeza pesada e a alegria não? Porque recusamos a tristeza e preferimos a alegria? Não é a tristeza o resultado de um esforço ou de uma dor que vem na integração de uma consciência que depois e na sequência de um despertar traz o alivio e o descanso e a alegria, quando a tempestade amaina? Não é esta a lição mais profunda de vida? Aceitar os dois lados das coisas...saber sofrer e saber desfrutar de tudo o que a vida nos ensina...?
E então será que estou a construir um mundo melhor evitando a tristeza ou escondendo debaixo do tapete a minha dor e fingindo uma alegria forçada ou apenas mentalizando-me negando o lado escuro da Lua ou da lua em mim. Sinceramente não compreendo esta fuga ao negativo…
 
 
Sofrimento e dor, alegria e prazer, nascimento e morte fazem parte da roda da vida para quem está evidentemente sujeito às Leis do Karma, aos ciclos da vida, ao resultado das suas acções passadas e presentes, como todos nós humanos estamos sujeitos...
Todos sofremos o momento actual, a alienação do ser humano dos seus valores mais fundamentais, reflectidos na crise económica e na guerra de interesses e isto é visto como se o mundo se dividisse entre vítimas e culpados…mas não é assim, embora aos nossos olhos desarmados de uma consciência superior nos pareça sempre que há os inocentes e os culpados.
Um dos males está precisamente em olharmos a guerra e a paz como se elas fossem a ausência uma da outra...mas a guerra é apenas a expressão da nossa ignorância, da negação de um lado da vida, queremos o bem a força e destruímos o mal...matando. E assim se quisermos a Paz não é só uma questão de fazer cessar fora de nós a guerra porque mais tarde ou mais cedo ela rebenta noutro lado… mas de olharmos para nós individualmente e aceitarmos a nossa dualidade. Se assim for deixamos de lutar contra um inimigo que se inventa fora e que está bem dentro de nós próprios! Há milénios que assim é e não é uma questão de evolução ou progresso que faz o Homem parar de lutar contra os outros... Enquanto ele não se vir a si mesmo como vitima e culpado ao mesmo tempo...ou por outra, enquanto o homem não deixar de se culpar e de se sentir vitima ele não pode dar um passo para a paz que é o resultado do equilíbrio das forças opostas dentro de si.


PORQUE HÁ UM ESTADO DE CONSCIÊNCIA QUE NOS ELEVA A UMA COMPREENSÃO DO MUNDO ACIMA DA DUALIDADE, ACIMA DO BEM E DO MAL...e ele só acontece quando integramos os opostos complementares...
RLP


 *In « L’OUVERTURE DU CHEMIN » de ISHA s. DE LUBCZ

 

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