"Nem choro. Como chorar? Eu desejaria poder querer (desejar) trabalhar, febrilmente trabalhar para que esta pátria que vós não conheceis fosse grande como o sentimento que eu sinto quando n'ela penso. Nada faço. Nem a mim mesmo ouso dizer: amo a pátria, amo a humanidade. Parece um cinismo supremo. Para comigo mesmo tenho um pudor em dizê-lo. Só aqui lh'o registo sobre papel, acanhadamente ainda assim, para que n'alguma parte fique escrito. Sim, fique aqui escrito que amo a pátria funda, (...) doloridamente.
Seja dito assim sucinto, para que fique dito. Nada mais. "
Fernando Pessoa, INÉDITOS
SOMOS UMA SOCIEDADE DE MEDO...
"Portugal, é das pessoas medíocres e provincianas, de pequenos homens de gravata que assistem a desfiles militares no Dia da Pátria e de Camões... e fazem discursos sobre a economia e deliram com a grandeza dos exércitos que defenderão a pátria da sua miséria...(...)
Porque na sociedade portuguesa actual, o medo, a reverência, o respeito temeroso, a passividade perante as instituições e os homens supostos deterem e dispensarem o poder-saber não foram ainda quebrados por novas forças de expressão e liberdade.
Numa palavra, o Portugal democrático de hoje é ainda uma sociedade de medo. É o medo que impede a crítica. Vivemos numa sociedade sem espírito crítico – que só nasce quando os interesses da comunidade prevalecem sobre o dos grupos e das pessoas privadas."
In Portugal, Hoje - O Medo de Existir de José Gil
"Portugal, é das pessoas medíocres e provincianas, de pequenos homens de gravata que assistem a desfiles militares no Dia da Pátria e de Camões... e fazem discursos sobre a economia e deliram com a grandeza dos exércitos que defenderão a pátria da sua miséria...(...)
Porque na sociedade portuguesa actual, o medo, a reverência, o respeito temeroso, a passividade perante as instituições e os homens supostos deterem e dispensarem o poder-saber não foram ainda quebrados por novas forças de expressão e liberdade.
Numa palavra, o Portugal democrático de hoje é ainda uma sociedade de medo. É o medo que impede a crítica. Vivemos numa sociedade sem espírito crítico – que só nasce quando os interesses da comunidade prevalecem sobre o dos grupos e das pessoas privadas."
In Portugal, Hoje - O Medo de Existir de José Gil
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