O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

terça-feira, março 08, 2022

CRIME E CASTIGO



Citando  Dostoievski


"(...)
O princípio em que insisto é de que a natureza divide os homens em duas classes: a inferior, ou dos vulgares (...) indivíduos ordinários ou ainda o rebanho cuja única função é reproduzir entre semelhantes a eles...e a superior, constituída pelos homens que possuem o dom e a inteligência para fazerem ouvir no seu meio uma palavra nova. (...) A primeira categoria, quer dizer, o rebanho, compreende, na sua generalidade, os conservadores, os homens da ordem que vivem na obediência e se sentem nela satisfeitos. (...) A segunda categoria é constituída pelos infractores da lei (...) Quase sempre, e segundo os métodos mais diversos, exigem a destruição do presente em nome de algo melhor. (...)" 

Dostoievski, "Crime e Castigo", 1866.

(Salvaguardando o determinismo científico dominante neste final de século, Raskolnikoff, o atormentado pela culpa, o acossado pela angústia entre a fé e a razão, coloca o dedo na ferida.
Estava-se à beira da mudança. Dostoievski já não chegou a vê-la. Mas as sementes tinham sido lançadas 18 anos antes.)


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