O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

segunda-feira, março 14, 2022

“euforia da ignorância”



𝐎 “𝐓𝐔𝐃Ó𝐋𝐎𝐆𝐎” : 𝐄𝐒𝐏𝐄𝐂𝐈𝐀𝐋𝐈𝐃𝐀𝐃𝐄 𝐄𝐌 𝐍𝐀𝐃𝐀, 𝐂𝐎𝐌𝐄𝐍𝐓𝐀𝐑𝐈𝐒𝐓𝐀 𝐄𝐌 𝐍𝐀𝐃𝐀


«𝐋𝐢𝐠𝐨 𝐚 𝐭𝐞𝐯ê 𝐞 𝐥á 𝐞𝐬𝐭ã𝐨 𝐞𝐥𝐞𝐬, 𝐧𝐚𝐬 𝐛𝐚𝐧𝐜𝐚𝐝𝐚𝐬 𝐝𝐨𝐬 𝐭𝐞𝐥𝐞𝐣𝐨𝐫𝐧𝐚𝐢𝐬: 𝐨𝐬 “𝐭𝐮𝐝ó𝐥𝐨𝐠𝐨𝐬”, 𝐞𝐬𝐩𝐞𝐜𝐢𝐚𝐥𝐢𝐬𝐭𝐚𝐬 𝐞𝐦 𝐧𝐚𝐝𝐚, 𝐜𝐨𝐦𝐞𝐧𝐭𝐚𝐫𝐢𝐬𝐭𝐚𝐬 𝐝𝐞 𝐭𝐮𝐝𝐨. 𝐅𝐚𝐥𝐚𝐦, 𝐜𝐨𝐦 𝐚 𝐦𝐞𝐬𝐦𝐚 𝐞 𝐩𝐞𝐜𝐮𝐥𝐢𝐚𝐫 𝐝𝐞𝐬𝐞𝐧𝐯𝐨𝐥𝐭𝐮𝐫𝐚, 𝐬𝐨𝐛𝐫𝐞 𝐚 𝐠𝐮𝐞𝐫𝐫𝐚 𝐧𝐚 𝐔𝐜𝐫â𝐧𝐢𝐚, 𝐚 𝐯𝐚𝐫𝐢𝐚𝐧𝐭𝐞 ô𝐦𝐢𝐜𝐫𝐨𝐧 𝐞, 𝐪𝐮𝐞𝐦 𝐬𝐚𝐛𝐞, 𝐚 𝐢𝐧𝐟𝐥𝐮ê𝐧𝐜𝐢𝐚 𝐝𝐚 𝐩𝐞𝐥𝐚𝐠𝐞𝐦 𝐝𝐨 𝐭𝐚𝐦𝐚𝐧𝐝𝐮á-𝐛𝐚𝐧𝐝𝐞𝐢𝐫𝐚 𝐧𝐚 𝐟𝐨𝐫𝐦𝐚çã𝐨 𝐩𝐬𝐢𝐜𝐨𝐬𝐬𝐨𝐜𝐢𝐚𝐥 𝐝𝐨𝐬 𝐟𝐢𝐥𝐡𝐨𝐬 𝐝𝐨 𝐩𝐫𝐢𝐦𝐨 𝐝𝐨 𝐯𝐢𝐳𝐢𝐧𝐡𝐨 𝐝𝐚 𝐢𝐫𝐦ã 𝐝𝐨 𝐠𝐮𝐚𝐫𝐝𝐚. (…)

Com a segurança, soberba e altivez de um catedrático do Twitter, emitem opiniões polivalentes aos jorros, borbotões e esguichos, glosando seja lá qual for o mote em questão: eleições presidenciais, criptomoedas, terrorismo, saúde pública, novas matrizes energéticas, planejamento urbano, táticas de futebol, menopausa do urso panda, o paredão da Linn da Quebrada, o biquíni de crochê da Anitta. (…)
Sou movido por aquilo que o historiador Carlo Ginzburg chamava de “euforia da ignorância”: assumir não saber nada sobre um assunto, mas estar disposto a aprendê-lo, com disciplina, alegria e esforço, e, por fim, discorrer sobre ele com alguma propriedade. Quase sempre, ao cabo da investigação, termino com mais interrogações do que quando comecei. Quanto mais aprendo, mais tenho dúvidas.
Com os tudólogos, é diferente, outro nível. (…) Morro de inveja deles. Transformam os chutes típicos da conversa de boteco — e do thread no Twitter — em trabalho remunerado. Nas horas vagas, fazem palestras motivacionais, postam selfies no Instagram, exibem dancinhas no TikTok.»
 (L. Neto)




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