O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sábado, março 12, 2022

duas notas numa só



O CEREBRO REPTILIANO...

A tendência do ser humano é demonizar ou endeusar pessoas que se destaquem do comum dos mortais, seja através do seu poder seja através da sua inteligência ou beleza. E todos tem direito a seguir uma dessas formas de ver os outros na sua pequenez …sim, somos seres imaturos e infantis, porque irresponsáveis, não assumimos o controlo das nossas vidas individuais. Precisamos de seres que controlem e nos ensinem o que devemos fazer, e uns dizem de acordo com as teologias ou ideologias, o que é bom e outros o que é mal de acordo com as religiões em vigor.
Mas há dois temas que se sobressaem na área publica, por serem mais imediatos, e que por isso são conflitantes e fracturantes. Um deles é a politica (dinheiro) e o outro é a sexualidade (prazer). É ai que as pessoas manifestam mais as suas tendências primárias e básicas e se digladiam em defesa sempre de um dos lados – o que acreditam - com exclusão do outro, porque não conseguem pensar nem sentir para além dos opostos, e tudo ou é bem ou é mal e esse é o drama da sociedade que vive dividida entre bons e maus, e assim sucessivamente.
As pessoas em geral, com o domínio das religiões e dos poderes instituídos, nomeadamente agora a Impressa e os Midea, são desde sempre manipuladas e o ser humano perdeu a capacidade de discernimento próprio e não assume nunca a sua responsabilidade pessoal – capacidade de responder as situações que vive na sua pele -, projetando-a nos seus deuses e demónios exteriores. Eles nunca são culpados. Apenas reagem a voz do dono, obedecem ao primeiro impulso ao seu cérebro reptiliano…
E então tudo para eles e elas fica reduzido esses aspectos básicos do ser, bem e mal, bonito e feio, justo e injusto, preto e branco de acordo com as cores que defendem ou se identificam. Essas pessoas não conseguem olhar os diferentes matizes do seu ser e do sentir, nem ver a amplitude englobante dos fenómenos sociais e humanos porque não são agentes da sua vida, apenas vitimas dos outros. As pessoas comuns e sem discernimento tudo o que fazem é pontuar as coisas como boas ou más e cumprir o preceito catecista ...daí que tudo o que não gostam ou não entendem rejeitam e negam. São incapazes de pensar por si mesmas. Por isso elegem santos e demónios que cultuam nos seus altares... e eles estão na politica, no sexo e no fado…
rlp


PARA AS PESSOAS QUE JULGAM QUE EU JULGO...
(e estão sempre a julgar-me pelo que eu escrevo...)

Como as pessoas não tem discernimento próprio não conseguem julgar com isenção e sentido crítico. No estádio actual da humanidade é raro encontrar pessoas livres e com pensamento próprio. Deixam-se conduzir e manipular desde muito cedo – começa nas escolas e acaba na universidade – e raramente ousam sair da cartilha em que aprendem. Então como a Igreja católica, a Grande opressora durante séculos da mente humana, penalizou e condenou qualquer sentido critico que diferisse ou pusesse em causa o dogma, poucos ousam pensar. Assim, ao ser humano comum não é permitido senão repetir e decorar e nunca julgar ou pensar porque sofre castigo. Como ele ademais é um pecador e todos somos filhos do pecado – todos nascemos segundo a teologia cristã, nascidos do pecado (mulher) e assim não podemos ter liberdade. Desse modo só deus nos salva se formos obedientes as suas leis sem questionar e portanto julgar os outros é o pior dos pecados pois todos temos telhados de vidro… não é verdade? Até aqui tudo bem, se és religioso ou religiosa. Mas eu há muito que sou e me sinto pagã e ateia e não professo dessa ideia católica e inibidora da liberdade individual que nos projectou na infantilidade e irresponsabilidade de não “julgar o próximo”. Ou melhor, NÃO PENSAR. Não julgar significa então NÃO USAR O NOSSO DISCERNIMENTO – foi vedado ao ser humano comum TER algum JUIZO de valor, avaliar! Saber distinguir o preto do branco (o que para mim é igual, ao bem e ao mal) com medo de ser castigado.
Pessoalmente já perdi o medo que me caia o piano em cima há muitos anos – desde que me apercebi do fundo das cosmogonias e mitologias, as dos deuses do Olimpo e dos deuses de qualquer mitologia, cristã, celta ou hindu - , que estão por detrás de todas as crenças eu não creio nelas senão como mitologias e é verdade que são uma realidade bem mais real do que imaginamos, porém, eu não sigo nenhum catecismo de "bondade ou amor ao próximo" sem exercer a minha visão e autonomia intelectual.
A verdade é que o catolicismo nos impregnou de medo e falsos conceitos de amor compaixão e da piedade dos mais fracos ou dos pecadores…todos nós, e assim imbuídos de culpa e portanto medo de julgar, não ousamos desafiar as leis dos deuses. Se bem que por um lado é verdade que todos erramos e isso é humano, (somos o que somos, e temos algum livre arbitrio) por outro, também é verdade que usar o nosso juízo de valor só é possível num nível de consciência superior (livres de dogmas e de jugos) e por isso devemos tentar discernir e analisar e ver uma determinada realidade em vários angulos e como tudo tem duas faces e que nos ilude se nos inclinarmos só para um lado...
Eu vejo o que vejo e não consigo "desver"...
Bem sei que isto é dificil e que só uma consciência neutra (elevada) o pode ver e fazer, e presunção a parte, é o que eu tento fazer.


ADENDA

No que concerne o meu trabalho com as mulheres a empatia e o amor que tenho por elas – e provas dadas - permite-me ver com a lucidez dos meus 75 anos que há que distinguir o falso do verdadeiro - e isso embora seja com cada uma ver ou não ver – no meu caso não se trata de JULGAR mal, como o vulgo pensa, mas de ser fiel a minha percepção das coisas sujeita a erro claro como toda a gente e como toda a gente eu prego a responsabilidade que cada mulher tem de assumir os seus actos e não ter medo de olhar e ver o erro das outras. De outra maneira não haveria Justiça nem Verdade.
rleonor pedro


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