OLHEM PARA MIM...
(...) Estava tão cansada de não atribuir culpas às pessoas, que já não sabia a quem essas culpas deveriam caber.
(...)
É claro que podia não acontecer. Uma coisa logo que conhecida, jamais poderá ser desconhecida. Apenas poderá ser esquecida. E, na medida em que domina o tempo enquanto puder ser lembraada, indicará o futuro. Compreendo agora que embora fique sentada no meu quarto, a envelhecer, sozinha, tenho de viver com esse conhecimento. O telefone pode tocar, esta noite, ou amanhã: já não importa. Alguém pode dedicar-me um pensamento, talvez...
In “olhem para mim” – de Anita Brookner
NOTA À MARGEM:
Uma pessoa que empreste um livro por si sublinhado dá-se sempre a conhecer intimamente a alguém que o lê inadvertidamente...
Senti esse receio quando acabei de emprestar um livro que tinha lido há muitos anos e de que já nem lembrava do que tratava...
Quando a pessoa me devolveu o livro, disse-me que tinha tomado a liberdade de sublinhar um pouco mais do que eu já fizera e disse-o com alguma cumplicidade, o que de facto gerou uma certa afinidade...
Justamente a propósito deste livro que li há mais de desasseis anos...OLHEM PARA MIM...
Sim, OU LEIAM-ME:
Todos queremos comunicar ou ser lidos, mesmo que digamos escrever só para nós como eu hoje li algures num Blogue...
Solitários ou vaidosos, convencidos ou simplesmente humanos, mais humildes e sem capas, ainda que invisíveis aos olhos de quem nos lê, tal como ao ler um livro, temos direito a um espaço, ainda que virtual, de nos expressarmos e sermos até mais sinceros ou íntimos DO QUE PESSOALMENTE O SOMOS COM OS CONHECIDOS e que por acaso pode até encontrar eco em alguém e criam-se assim laços invisíveis entre seres ocultos que somos todos uns para os outros através das palavras que deixamos aqui...
A questão é saber se na realidade somos mais próximos ou mais distantes uns dos outros do que invisíveis aos olhos dos demais neste espaço aqui só para nós onde em princípio ninguém sabe quem somos...
Sem comentários:
Enviar um comentário