TAL COMO A POLUIÇÃO GERAL DA TERRA E DO CÉU...
Há um silêncio percursor e inaudível, que acompanha os dias que correm: silêncio carregado, que não escutamos, por detrás da vertigem sonora, como o anúncio do coro trágico que visiona tempestades.
(...)
O acréscimo cerrado de produção ruidosa, constitui a nova persona da techné (“elle portait l’abime par vêtement…”), equipada com pesada ornamentação, feita de circuitos diagramáticos, sequenciais, blue prints.
O que nenhuma teoria sistémica localiza são os verdadeiros centros dos novos (ou antigos…) poderes que reinam no mundo, invisíveis e determinados na orquestração da complexidade do caos; apenas a sua máscara emerge disseminada pelo mapa de múltiplas realidades sistémicas, que se vigiam e controlam reciprocamente, an-hierarquicamente descentradas, na abominação de um silêncio que as revele.
As tecnologias de comunicação actuais exercem um controlo remoto sobre qualquer pretensão de compreensão acerca da sua realidade e o mais eficaz instrumento é a produção vertiginosa de diversas formas de complexificação de ruído. Mas os grafittis inscritos na carne das cidades falam dos padrões de destruição que agem sobre o mundo.
Carla Salgado
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