O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

segunda-feira, maio 15, 2006



A RIVALIDADE ENTRE AS MULHERES
O REFLEXO DA SUA FALTA DE AUTO-ESTIMA...


A opressão sobre as mulheres ainda persiste, e por vezes são as próprias mulheres que tornam o mundo ainda mais difícil para as outras mulheres. Mas este fenómeno tende a desaparecer, à medida que essas mulheres opressoras conquistem a sua auto-estima. Do lado oposto a esta selva nasce um dia novo e gloriosos na terra, o dia em que as nossas filhas deixarão de ser julgadas pelas suas paixões ou postas de lado porque terão poder, força e amor."


in O VALOR DE UMA MULHER de
MARIANNE WILLAMSON - 1993
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UMA MULHER DE VALOR
Joana Amaral Dias
Psicóloga genecanhoto@gmail.com



As tomadas de posição do Governo e do partido que o apoia, relativamente à natalidade e à demografia, são sintomáticas dos novos tipos de arcaísmo do centrão.

Qualquer política de natalidade teria que passar, nomeadamente, por apoios concretos ao quotidiano dos (futuros) pais. Contudo, encerram escolas ao mesmo tempo que bradam contra a baixa da natalidade. Fecham maternidades mas gritam contra o envelhecimento da população. Penalizam as famílias que têm apenas um filho - ou nenhum -, enquanto desprezam a imigração como parte integrante e indispensável de uma política demográfica. Por fim, fazem a lei da reprodução medicamente assistida (RMA) reservando o acesso a este direito a casais heterossexuais casados ou em união de facto, enquanto apelam à sustentabilidade da Segurança Social.
Este novo diploma, que ainda terá que ser aprovado e que demorou duas décadas a dar à luz, exclui as "mulheres sós". Uma mulher sozinha - e, convenhamos, sós ou mal acompanhadas no exercício da parentalidade ainda são mais do que muitas - pode educar um filho. Uma mulher sozinha pode adoptar um filho. Mas uma mulher sozinha não pode recorrer à RMA. Porquê? Simplesmente porque, garantindo esse direito às mulheres sozinhas, dá-se esse direito às mulheres lésbicas. A discussão sobre a RMA nunca deveria ter ficado dependente da questão da infertilidade. Mas ficou. E os resultados estão à vista.

Quanto ao Governo e à maioria que o apoia, a linha é clara. Em nome de uma suposta racionalidade económica, esvaziam-se os direitos dos cidadãos, como o direito à saúde e à educação, mantendo numa penúria legal os que já são discriminados, como os imigrantes e os homossexuais. Na verdade, não é apenas de uma racionalidade económica, já de si discutível, que se trata. Se fosse, estes dois últimos grupos, por exemplo, não seriam discriminados quando, ainda por cima, se lida com a questão da baixa da natalidade enquanto matéria vital. Trata-se antes de um programa político que, em tempos de romaria, timidamente se esconde atrás dos tecnocratas.

Que isto seja preconizado com o título de Governo socialista não deve gerar equívocos. O conservadorismo aliado ao neoliberalismo encontrou aí e afinal a sua melhor barriga de aluguer.


IN dIÁRIO DE nOTÍCIAS

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