O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quarta-feira, junho 11, 2008

A DECADÊNCIA DOS ESTEREÓTIPOS

A ARMA MAIS SOFISTICADA PARA ANULAR A MULHER VERDADEIRA É O CINEMA E OS FILMES COMO
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Sexo na Cidade

Não estava a querer voltar ao assunto, pois já uma vez me pronunciei sobre a série, mas já que toda a gente anda a falar do (re) lançamento do filme Sexo na Cidade, não vou deixar de repetir o que já tinha tinha escrito aqui em tempos, pois tenho plena consciência do perigo que é a difusão destes modelos para a mulher que busca a sua verdadeira identidade e voltar à sua essência, ao identificar-se com estas novas Cinderelas…

Estas mulheres são as nossas principais inimigas. Tanto mais quanto são bem sucedidas e belas. Tanto mais QUANTO elas estão afastadas da mulher comum...de si e de mim...

Elas correspondem aos mais perigosos estereótipos da mulher moderna…Cada uma delas, à sua maneira, encarna um tipo de mulher perfeitamente alienado da sua essência e sem nenhuma correspondência com a mulher real. São as mulheres que todas as mulheres presas nas suas circunstâncias de vida limitadas e sem recursos, inferiorizadas e pobres, ignorantes e ignoradas, oprimidas ou prostituídas, gostariam de ser. E o mais grave é que ao perseguirem esses sonhos e mitos e os homens sabem disso, não se aproximarão um milímetro delas próprias. E essa é a intenção da Matriz de controlo. Dar às mulheres ilusões que as mantenha afastadas delas mesmas, para que não sejam um perigo real pondo em risco o poder falocrático…e assim fazem das mulheres seres falocráticas…obcecadas por sexo, escravas do prazer, e que só vivem de sexo como se o sexo fosse tudo para elas. E isso não as liberta, porque o sexo da mulher é iniciação, não pode ser desligado da alma porque é sagrado e enquanto ela o não viver na sua real dimensão o mundo será um caos cada vez maior.

Por todas essas razões e mais alguma tenho uma antipatia visceral pela série e vi-a o tempo suficiente para tirar as minhas ilações e é muito simples.
Estas 4 mulheres são efectivamente a representação da mulher americana, consumista, capitalista, hollyhoodesca, desligadas de todo e qualquer sentido profundo da vida e cada uma representando os estereótipos da sociedade de exploração e consumo, perfeitamente alienadas de uma verdadeira essência feminina e cujo apanágio continua a ser o corpo a vaidade e o sexo! Podiam de alguma maneira espelhar partes da fragmentação do feminino na procura da sua identidade, mas não, bem pelo contrário, são gravemente perigosas porque alienam totalmente a mulher da sua realidade íntima e profunda. Nenhuma delas tem qualquer laivo da dimensão do verdadeiro feminino. Cada uma e cada qual expressa bem na sofistificação da imagem esteriotipada, e sobretudo expressam o que o imaginário patriarcal falocrático tem como mulher moderna e o difunde através do cinema. Mas o pior é ser visivelmente influenciada pela cultura gay e digo pior porque essa cultura ilude a mulher numa falsa imagem (andrógina?) que é a mistura dos sexos e uma liberdade sexual masculina - uma forma de viver a sexualidade que não é a feminina - e por isso não lhe pode dar de forma alguma a dimensão do verdadeiro feminino.
Isto é apenas o que a cultura americana de consumo, sofisticada e supérflua tem de pior e projecta-a sobre essas mulheres, o que neste caso o escritor ou realizador (quase de certeza homossexual) inventa que sejam os vários tipos de mulher…idealizados a partir de uma ideia ou conceito perfeitamente redutora da mulher sempre circunscrita à imagem, às marcas, ao sexo: desejo-prazer e sonho do amante ideal…

Vejamos, então o perfil destas mulheres ideais cheias de charme e de classe…
Temos para começar a mulher jornalista, inteligente e activa que passa desportivamente de amante para amante, parecendo liberta mas não passando de uma libertina e que em conflito permanente, sonha e quer casar com o seu grande amor...o magnate rico, cínico e sedutor como qualquer personagem de Corin Tellado…
Depois temos a tímida mulher algo moralista, clássica, que se divide entre o sonho da carreira e o casamento ideal, como qualquer adolescente a mais insípida das personagens. A seguir temos a executiva fria e calculista muito organizada e confusa, com alguns traços de homossexual, e que tem um namorado frágil, feminino, que trata mal…e que vive à sua conta, tal como qualquer tipo que tem uma amante por conta …E por fim, temos a antítese da mulher fatal, a genuína, como toda a ninfomaníaca é, um pouco histérica (outro retrato da mulher que nunca toca a sua verdadeira sexualidade) que não pode ver um homem à frente sem que não fique perdida, e de maneira muito gay, come qualquer sujeito musculado que vê pela frente de qualquer maneira e em qualquer lado.
Tudo isto, numa salada americana, muito nova yorquina, com muitas marcas e estilistas, muita tecnologia de ponta…

Eu abomino toda esta mentira e ilusão…
Sou radical sim e não tenho qualquer contemplação com estes estereótipos…rlp

2 comentários:

Lealdade Feminina disse...

Continuo achando que o ataque ao filme tem raízes ginefóbicas...
Muito embora haja verdade no que diz... mas tbm se diz muita besteira sobre o filme...

Eu não vi ninguém dizer que o Harisson Ford está velho pra ser herói aos 60 anos, mas qdo a Angelina Jolie tiver 60 anos será que ela vai protagonizar mais um filme como Lara Croft?

Hollywood não inventou essas mulheres, elas existem, e não só em NY... existem aqui, existem no Brasil, existem em todo lado...

É um reflexo da sociedade, e do desejo das mulheres, e muitas não gostam de se ver refletidas como futéis e vazias...

E como e qdo cada uma delas vai "acordar" e sair da Patrix, isso é com cada uma delas...

Vc faz muito bem o que faz, e não resta a menor dúvida disso, tens uma bela missão e eu te admiro por isso...

Mas toda pessoa, e toda mulher tem direito a ter a sua opinião, afinal, ninguém é dono da verdade, por isso mesmo somos livres... até pra ser preconceituosos ou teimosos...

Mas de maneira nenhuma devemos jogar pedras em mulheres, nem no trabalho delas, se não fazemos a mesma coisa com os homens e com o trabalho deles...

Mesmo que discordemos, e somos livres pra isso, devemos sempre respeitar a liberdade artística e a criatividade...

Respeitar não significa concordar e assinar embaixo, mas sim viver com tolerância e aceitar as diferenças...

Caso contrário incorreremos numa ditadura, e as ditaduras são muito patriarcais...

Anónimo disse...

Eu acho que já respondi noutro lugar...???

abraço

rosa leonor