O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sexta-feira, outubro 31, 2008

"A MULHER DE KYSMAYU É TODAS AS MULHERES" f.c.


"É como se estas mulheres nunca tivessem existido."F.C.
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"Mas a mulher de Kismayu está morta. Ainda hão-de ter-lhe cuspido o cadáver, arrastado os restos para um buraco onde a comerão os bichos. A mulher de Kismayu não existia para quem a matou senão como abominação e exemplo. A mulher de Kismayu é todas as mulheres, homens e crianças que um versículo satânico condenou à fogueira, à lapidação, à tortura mais atroz para glória de uma ideia de universo, de uma ideia de bem."
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FERNANDA CÂNCIO

1 comentário:

Palas Athen disse...

A FORÇA DE UMA MULHER


quando era pequeno avia lido sobre essa corajosa mulher na revista revista Seleções Reader`s Digest da minha mãe...como diz rosa leonor .....maktub

Waris ,a flor do deserto




Tão Bela e tenas quanto as flores que la desabrocham

A denúncia de mutilação genital das mulheres somalis é o grandioso objetivo da obra Flor do Deserto. Através de sua biografia, a modelo africana Waris Dirie, atravessa as fronteiras da Somália e mostra ao mundo o lado grotesco de sua cultura. Waris conta que foi mutilada aos cinco anos de idade, numa espécie de rito de passagem.O relato impactante mostra a crueldade e o preconceito aos quais são submetidas as meninas somalis. Seus clitóris são extirpados com objetos rudimentares, como facas, tesouras e lascas de pedras, sem preocupação com higiêne, pondo em risco milhares de vidas. A cultura de seu país atribui à genitália feminina o estigma do mal, por isso toda filha mulher é submetida a ritual de mutilação. A modelo relata sua saga pelo deserto da Somália, fugindo da tirania do pai, cuja mentalidade cultural, permite não só a mutilação, como a escolha do marido para a filha. A menina Waris foge,ainda sangrando para Mogastício a pé, enfrentando animais selvagens e areias escaldantes por 500Kms. A provação de Waris é recompensada em parte, fora do seu país e longe das imposições de sua cultura, ela se torna uma modelo conhecida internacionalmente, o que lhe permite denunciar ao mundo a bárbarie a que são submetidas as mulheres somalis.Hoje Waris é embaixadora da ONU e responde por assuntos que denunciam a crueldade contra as mulheres de seu país.



AS MULHES AFEGÃS








Entre as condições impostas às mulheres afegãs, sob o regime dos talibãs, o uso obrigatório da burqa deu mais nas vistas, embora houvesse obrigações e proibições bem piores. As mulheres sem rosto, limitadas nos seus movimentos, representavam para os ocidentais a prática do Islão, tal como prescrita pelo regime: rigorosa, impiedosa, desprezando e oprimindo as mulheres.
A burqa assumiu portanto uma função de símbolo, o que, aliás, é sempre o caso com a roupa, as jóias e o penteado, no seu uso fora da esfera privada. No entanto, cuidado com os símbolos! Estes podem ter significados distintos para vários grupos. Se o receptor da mensagem não entender bem a linguagem, ou seja a cultura, do emissor, a interpretação do símbolo será diferente da pretendida. Este tipo de malentendidos ocorre com frequência em relação ao vestuário das mulheres islâmicas.


O presente texto proporciona alguns dados e reflexões acerca da indumentária das mulheres muçulmanas e sobre as mudanças recentes neste tempo que é de modernidade. Propõe-se abordar, em especial, as razões por trás do uso do vestuário islâmico e o valor atribuído a este símbolo, dentro e fora da comunidade islâmica, pelas forças d poder e pelas mulheres.
Prescrições acerca da roupa (as chamadas dress codes) estão em vigor em grande parte do mundo islâmico, variando conforme a zona geográfica e a camada social. Quanto ao véu, existe uma diversidade de modelos usados, quer por mulheres do Afeganistão, de Argel, de Ádem ou da Alemanha, e muitas vezes as diferenças estão presentes no seio dessas próprias sociedades. Por outro lado, assistimos hoje a uma certa uniformização do vestuário islâmico, que advém da tendência ao fundamentalismo



no Islão e o desejo dos muçulmanos se afirmarem, frente aos ocidentais, reforçando a ideia de umma (comunidade global islâmica).


Será argumentado que austeridade na doutrina é apenas uma das motivações para o uso do véu. Muitas mulheres vestem um traje considerado islâmico simplesmente por ser tradição no seu ambiente. Outras adoptam-no sob pressão, quer do Estado, quer do meio social directo. Mas não são raras as mulheres islâmicas modernas que põem o véu por iniciativa própria, por razões práticas, como acto de auto-afirmação ou como uma forma de empowerment.
No mundo ocidental, já há muito tempo, o véu tem sido considerado como uma pars pro toto do mundo islâmico, embora de modos diversos. Nos escritos orientalistas dos séculos XVIII e XIX, mormente até ao fim do Império Otomano, o véu apontava o eroticismo das cidades do Maghrebe e do Médio-oriente, com os seus haréns e os seus contos de mil e uma noites. "Sensualidade" foi uma das imagens mais poderosas que se criarem entre os ocidentais sobre o mundo islâmico, e para isso basta observar algumas das obras de arte mais famosas do século XIX.



Hoje em dia, provavelmente, a primeira associação que os ocidentais fazem com o Islão é aquela de "opressão da mulher", que também se reflecte no uso do véu. São ideias reducionistas tanto sobre o Islão como sobre o véu.


O vestuário contém aspectos colectivos e individuais. Emite uma mensagem para decifrar, mas, ao mesmo tempo, esconde muito: (partes d)o corpo, e motivações individuais. O mesmo estilo de vestuário cobre as diferenças e acentua as convergências de um conjunto de indivíduos. As mulheres que usam o véu têm em comum a profissão da fé islâmica, mas de resto, entre elas, podem existir grandes diferenças.