O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

segunda-feira, março 23, 2009

"TODOS NÓS SERES HUMANOS SOMOS PRISIONEIROS"

OS PLANOS DE CONSCIÊNCIA SÃO VÁRIOS

O ser humano comum, do ponto de vista intelectual, mental e psíquico, não enxerga nada do que se passa a um nível profundo e transcendente…PORQUE ele equaciona a sua vida a partir do campo objectivo que os seus sentidos abrangem e nada do que o transcende lhe é acessível. A espiritualidade aparece-lhes através do conceito abstracto que para ele é Deus sem contudo questionar os estereótipos que as religiões fundamentalistas lhe propõem na base do dogma e do tabu.
O que qualquer Mestre Vivo ou Caminho nos indica é uma saída para a mente limitada e para a razão e lógica sempre redutoras da realidade. É aí o que os processos iniciáticos e outros meios menos ortodoxos entram, desde a meditação aos mantras até à “feitiçaria” ou magia, e o que fazem é tentar que o discípulo por si mesmo abra a sua consciência (E O SEU CORAÇÃO) para níveis que não são evidentemente do plano da racionalidade nem dos objectivos dentro da nossa linearidade tempo e espaço…

ASSIM, SER FEITICEIRO/A…

“- Ser feiticeiro/a – contou Don Juan – não significa praticar bruxarias, trabalhar para afectar pessoas nem ser possuído por demónios. Ser feiticeiro significa atingir um nível de consciência que faz com que aconteçam coisas inconcebíveis. O termo feitiçaria não é adequado para exprimir o que os feiticeiros fazem, o mesmo acontecendo com o xamanismo”
(…)
- Os guerreiros viajantes não se queixam – prosseguiu Don Juan – aceitam tudo aquilo que o infinito lhes entrega como um desafio. Um desafio é um desafio. Não é pessoal. Não pode ser encarado como uma maldição nem como uma bênção. Um guerreiro viajante ou vence o desafio ou o desfio dá cabo dele. É mais empolgante vencer o desafio; portanto, vence!

Comentei que era fácil para ele ou para qualquer outra pessoa dizer aquilo, mas que fazê-lo era outra questão e que as minhas atribulações eram insolúveis porque tinham origem na incapacidade dos meus semelhantes de serem coerentes.

- Não são as pessoas à tua volta que têm culpa – disse. – Não podem ajudar-se a si próprias. O erro é teu, porque podes ajudar-te a ti mesmo, mas tens tendência para as julgar, a um nível profundo de silêncio. Qualquer idiota é capaz de julgar. Se os julgares, só obterás o pior deles. Todos nós, seres humanos, somos prisioneiros e é essa prisão que nos faz agir de forma tão detestável. O teu desafio é aceitar as pessoas como elas são! Deixa as pessoas em paz.
(…)

Disse que a espinha dorsal do guerreiro viajante é a humildade e a eficiência, agindo sem esperar nada e suportando tudo o que se lhe depara.”

Carlos Castanheda – O Lado activo do Infinito

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