O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sábado, maio 26, 2018

O SOPRO



O SOPRO DO ANJO...


Relendo grandes autores...penso sempre...se ao menos tivesse a inspiração do poeta...ou o dom do escritor de génio...Mas não. Tudo o que escrevo não passa de uma espécie de panfletos rudimentares sem consequência, e embora às vezes me exceda e tenha rasgos estonteantes de verdades profundas e abissais e pareça tocar um cume quase infinito, depressa verifico o meu engano...e presumo que esse voo não passe do sopro de algum anjo que se compadece da minha pretensão literária e de grandeza humana..
Ah! falta-me esse golpe de asa...ou falta-me raiva e vontade de me vingar desta raça humana que às vezes amo tanto e outras tanto desprezo...
Sim, subir mais alto como a pomba branca...em vez de cair no charco dos enganos, nesta miséria franciscana, presa à mediocridade dos dias e à sobrevivência terrena...

Rosa Leonor Pedro


RELENDO ALEXIS…

“Na vida as coisas não são exactas; pintá-las nuas é mentir, visto que só as vemos numa névoa de desejo. Não é verdade que os livros nos tentem; e tão pouco os acontecimentos o conseguem, visto que apenas nos tentam quando chegou a nossa vez, quando chegou a nossa hora em que nos teria tentado. Não é verdade que umas quantas verdades precisões brutais possam informar sobre o amor; não é verdade que seja fácil reconhecer, na simples descrição de um gesto, a emoção que ele depois produzirá em nós.”

In Alexis – Ou o tratado do vão combate – Marguerite Yourcenar

Sem comentários: