“Grave no nosso conformismo, não é só o facto de vivermos todos, até certo ponto, involuntariamente segundo a vontade dos outros. O realmente perigoso é que a partir do momento em que vivemos, por assim dizer, fora da nossa corporalidade, começamos a temer a liberdade que acordou,de repente, pela manifestação do nosso sentido individual primitivo. Todos nós desejamos ser livres mas, ao mesmo tempo,, estamos em vários sentidos comprometidos com o poder, desejando o reconhecimento e os louvores dos seus detentores. Isso condena-nos a procurarmos eternamente a aprovação da mesma gente que nega as nossas verdadeiras necessidades.”
In "A traição do eu - o medo da autonomia no homem e na mulher", de ARNO GRUEN
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Passando este discurso para o feminino, isto é ainda mais exacto que no sentido do humano em geral, uma vez que os homens são os detentores do poder ainda e a mulher lhe está completa e inconscientemente (na maior parte dos casos) submetida, e por esta razão é mais afectada do que o homem em geral...
Assim, denunciar o conformismo com que nós mulheres nos limitamos a gerir o nosso desconforto e sofrimento inerente a essa luta, desejo de autonomia e necessidade compulsiva de agradar ao Poder , é fundamental para um movimento de consciência da nossa corporalidade, não enquanto objectos de prazer ou de procriação, mas de indivíduos completos. Luta agravada pelo facto de o poder pertencer aos seus filhos, pais e maridos, que a breve trecho as anulam pela ordem vigente e pela lei, nomeadamente sobre o “ABORTO” em que decidem mais uma vez sobre o corpo e a vida de quem não lhes pertence, A MULHER, nomeadamente, na voz de padres estéreis, políticos misóginos e até homossexuais camuflados que decidem ou pretendem decidir pelo que diz exclusivamente respeito às mulheres!
As mulheres são as suas Mães, de todos, desmamaram-nos! E elas mais do que ninguém têm a qualidade inerente e a sabedoria inata de decidir quando devem ou têm de optar pelo aborto. E nunca em momento algum, salvo situações de crime óbvio, podem ser julgadas pela sociedade masculina e patriarcal, pois o homem não participa nas dores nem do sofrimento da mulher! Ele, quando muito, usa-a ou serve-se dela e propaga uma economia em família de acordo com interesses do estado e raramente como ser humano amoroso ou respeitador da liberdade da mulher. Aqui não está em causa se há pais extremosos ou não, nem lhes nego o papel activo de pais, mas nunca de censor ou mentor da mulher!!! Companheiro sim, juiz NUNCA!
Mas a minha revolta vai para toda e qualquer figura de homem político, qualquer partido ou movimento religioso que se interponha entre a liberdade e a afirmação da mulher enquanto ser autónomo. De qualquer modo, como é óbvio, o homem político e religioso só entra nessa questão porque a mulher está completamente sujeita às leis do estado e à moral religiosa vigente, ainda independentemente da lei poder estar bastante evoluída no nosso país, ela não corresponde à realidade das mulheres inferiorizadas à partida e exploradas, caladas pelo medo e pelos preconceitos!
A prova de que as mulheres não têm qualquer autonomia está em que os homens de estado e de cultura as não consideram minimamente e agem como se as mulheres não tivessem capacidade de serem elas próprias a decidirem as suas vidas, o que acontece na prática e toda a gente sabe mas finge que não. Se não fosse assim, a igreja e o estado a dominar as mulheres, faziam-se assembleias de mulheres para decidir e não de homens! Como inclusé sabemos as mulheres na Assembleia Nacional são apenas decorativas. Para eles não passam de de-putadas... Mais uma variante sob sua orientação!
Quanto às mulheres supostamente esclarecidas que delegam nos homens esse direito e lhes dão servilmente cobertura não passam de vítimas da sua própria luta em agradar a quem as domina!
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