O SORRISO DE PANDORA
“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja.
Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto.
Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado
Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “
In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam
sexta-feira, fevereiro 01, 2002
...”O nosso tempo é o tempo dos mortos, é o tempo dos que precisam de ópio para regressar a si, é o tempo dos macacos fornicadores que descarregam sobre a alma humana ondas e ondas de bestialidade integral provocando no corpo e no espírito doenças inenarráveis e intermináveis. É o tempo dos castelos interiores, da ocultação, da imobilidade. Do conhecimento.”
O verso e o reverso do mundo. Mas é tempo de castelos interiores sim. De contemplação ou reflexão. É preciso voltar ao nosso ser essencial, íntimo e profundo. Já percorremos demasiado os labirintos do prazer e da animalidade. É preciso destinguir urgentemente o erotismo da pornografia... A liberdade da promiscuidade. Separar as águas...
Salvar a nossa alma do caos.
“Eu querido irmão, pensei: o homem quer experimentar sensações fortes e quer ser amado.Ponto. Cada um de nós sabe-o em segredo e quando não lhe é dado, não consegue, ou lhe fica vedado satisfazer essas ânsias profundas, então arranja - sim, nós! - então arranjamos satisfações substitutas e agarramo-nos a uma vida suplementar, um suplemento de vida; toda a monstruosa criação técnica, expandindo-se febrilmente, um substituto para o amor.”
(...)
“Agora quero dormir. Quero distrair-me, ou seja ler. Da cama olhei em volta e descobri que o livro que num dia como este eu teria querido ler não estava ainda escrito.
(...)
IN “Acidente” de CHRISTA WOLF
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