Fernando Pessoa
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Nómada do cosmo
Ó Raínha do mundo!
Porque fui por ti abandonada?
Porque me expulsaste do teu ventre cósmico
Porque me tiraste à força para fora,
com que raiva e dor, com que bondade ou amor
... que eu tudo esqueci e agora...
Não compreendo nada, não vejo a razão do meu ser aqui!
Amputada que me sinto à nascença de ti,
pela tua memória sempre assediada...
Ó Rainha do Mundo!
Porque me deixaste só neste planeta tão adverso,
Cheio de bestas e pestes, entre uma raça perdida,
Cheia de ódio por causas de nada?
Até quando será assim?
Até quando te esquecerás de mim
E de toda esta humanidade enjeitada?!
in "Mulher Incesto"
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