O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

segunda-feira, junho 16, 2008

MAIS UMA VALIOSA ACHEGA AO TEMA...

as senhoras à frente....
(não a foto não é alusiva ao texto...é só ilustrativa de uma realidade paralela...)

"Sem querer de modo algum identificar-me com nenhumas das partes ou argumentos utilizados para discorrerem s/ diferenças, nao posso deixar de pensar que se "o sexo e a cidade" é um filme machista, consumista, vazio, oco e fútil e, enquanto tal, deseducativo ( e que fique bem claro que eu concordo plenamente com o tipo de denúncia feita p/ Rosa Leonor ao filme, tal como a Denise do sindromedeestocolmo (já tinha lido) e outros blogs; apenas nao o vejo isolado: há filmes ainda piores -bem piores! no que respeita a passar uma informaçao falseada e distorcida s/ o que é a independencia vivida no feminino alem de outros abertamente aberrantes: como os da industria de Bollywood (apenas um exemplo)em que a imagem passada sobre a mulher e sua finalidade de vida é apaixonar-se (de preferencia perdidamente) por um qualquer principe -provavelmente a contragosto do pai para nao haver duvidas nenhumas que ela é um joguete fragil entre dois poderosos senhores da sua vida... Essa e outras industrias sao fazedoras de vidas milionarias que se alimentam da produçao desses estereótipos podres muito bem embalados em papel bonitinho.

Actores, guionistas, produtores sao autenticos criminosos sociais na minha óptica porque fazem um desserviço: perpetuarem e estimularem teias de aranha nas cabecinhas incautas e com observaçao pouco afiada. Filmes de guerra e violencia inutil... a par das historietas de amor que o cinema já produziu aos milhoes para iludir mentes escravizadas a emoçoes baratas sao algo que sempre desde que que me conheço me mereceu desprezo e olvido. Comparado com outros o filme em questao é apenas um mau filme, uma má serie que nao me aquece nem me arrefece. Bem mais grave é o que diariamente "papamos" ao longo de toda a vida quase sem darmos por isso...

Lembro ha uns anos atras pensar muita vez se quem fazia a selecçao de sketchs de anuncios na tv seriam pessoas com problemas de perversao sexual...Invariavelmente aparecia uma mulher a levar um estalo de um homem e a encolher-se acto continuo! lembro particularmente de uma serie -nao lembro o nome: sempre era anunciado repetidas vezes em horario nobre o próximo episódio. Versava uma guerra de famílias: um homem a cavalo e uma mulher a caminhar no campo, a cena deixava de se ver mas ouvia-se o grito terrivel de uma mulher vítima de violaçao, começo da inimizade entre clãs. Isto era passado obssessivamente. Chamo a isto poluiçao mental, condicionamento mental e sobretudo lixo. Eu ficava-lhe imune e nao me sentia em questao, mas imagino o mal que fez a algumas pessoas, bombardeadas sem discernir que o estavam por mensagens "subtis" de desvalorizaçao e inferioridade da mulher versus poder e brutalidade masculinos.

O problema quanto a "sexo e cidade" será mais o boom mediático, que vai sumir como insignificante que é... e daqui a alguns meses estará na prateleira obscura de um qualquer video clube a preço de promoçao.

O coment. já vai longo... mas sugiro que assentem baterias de atençao para a comunicaçao social: o que falei da serie atras, ainda hoje encontro actualizado no abominável mau gosto de quem criou as imagens que repetem obssessiva e longamente quase sempre que se fala de violencia domestica: um homem a partir cadeiras, sombras de um homem a golpear uma mulher, um homem a atirar uma mulher para cima de uma cama antes de a agredir... a "mulher" encolhe-se. Mais parece um curso rápido s/ "as 1001 maneiras de agredir a sua esposa/conduta recomendada para a parte feminina do casal"

*suspiro*Abraço Marian

- OBRIGADA MARIAN

2 comentários:

Anónimo disse...

Tem tanta maneira impactante de trazer a atençao da midia ao assunto de maneira mais correcta: desfilar resumos de pessoas que passaram por essa situaçao e se libertaram, mostragem de acervo fotografico na recolha de provas de processos, descriçao de crime/pena aplicada ao agressor... as ideias pipocam sem fim para unir a descriçao de crime à chamada de atençao geral de que é algo sancionado por lei, que nao há impunidade para o agressor e que é dever cívico denunciar...
mas parece que o condicionamento é tao grande que mesmo um miseravel sketch com uma sombra insana e aparentemente descerebrada que parte tudo é feita exclusivamente no masculino! (a verdade é que se a percentagem que se mostra de violencia domestica é em larga maioria um agressor masculino, a prevençao da mesma contempla -e há! casos de homens agredidos por mulheres... aqui já com dupla dificuldade em denunciar: as mesmas das vitimas do sexo feminino acrescidas de um estigma paralizante: serem homens e serem agredidos por mulheres...
Abraço
Marian

Anónimo disse...

Os talibãs estão prestes a tomar de novo kandahar (não sei se se escreve assim), e se as forças de paz permitirem tal teremos mais uma prova que o mundo ocidental apenas trabalha para servir os seus mais obscuros interesses, que não são de todo a paz e a libertação dos povos. Os talibãs são a expressão mais obvia da violencia patriarcal e as negociatas com as tribos demonstra que tudo continua na mesma, tudo se vende e se compra sobretudo onde há muita fome e carencia basica. O Ocidente envia olhos e ouvidos a esse recanto do mundo apenas para deliciar as televisões com noticias frescas, cada vez mais indiferente aos destinos das mulheres e crianças do planeta.