O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

terça-feira, novembro 09, 2021

NÃO HÁ COMO BRANQUEAR ESTA REALIDADE




“As religiões dos mistérios das Deusas, é a vida pré-consciente da natureza, da mesma maneira que a morte. Nada entre elas pode ser conhecido” e é la o reino da Anima, de Lilith, da Lua Negra. Jung precisava já que a Anima era a “o fundamento de todas as figuras divinas e semi-divinas desde as deusas antigas até Maria”. Entre elas, ele cita Afrodite, Selene, Perséfone, Hecate, Atena, Kore, Pandora. Poderíamos acrescentar muitas outras, uma vez que o rosto da Grande Deusa é múltiplo e único ao mesmo tempo e absolutamente universal.”

LE RETOUR DE LILITH - Joelle de Gravelaine


Os Hebreus, e a criação de modelos de mulheres aberrantes...

“O medo das mulheres, ou ginofobia, é um mal bem conhecido que remonta de muito longe na história da criação. Deus, diz-se, criou o homem à sua imagem. Mas seguramente não a mulher. Senão, ele não seria obrigado a renovar tantas vezes essa tentativa, criando tantos modelos de mulheres aberrantes, a acreditarmos nos múltiplos contos, lendas, mitos, midrashim e haggadah que, entre outros, nos transmitiram os Hebreus.”
* joel de gravelaine


"Os hábitos sexuais das mulheres remetem-nos para a sexualidade não falocêntrica das mulheres; para a diversidade da sexualidade feminina, e a sua continuidade entre cada ciclo, entre uma etapa e outra. Uma sexualidade diversa e que se diversifica ao longo da vida, cujo cultivo e cultura perdemos. (…)
Vivemos num ambiente em que o sistema libidinal humano, desenhado filogeneticamente para travar relações humanas, está congelado. Hoje as mães vivem longe das suas filhas e as avós vão de visita a casa d@s net@s; a pessoa de família que nos dá a mão quando adoecemos vive no outro extremo da cidade, e mal conhecemos o vizinho ou a vizinha" (…) 

Cacilda Rodrigañez Bustos


"O patriarcado é o sistema de dominação masculina ancorado num etos de Guerra que legitima a violência, santificada pelos símbolos religiosos, no qual os homens dominam as mulheres através do controlo da sexualidade feminina, com a intenção de legarem a propriedade aos herdeiros masculinos, e no qual os homens, heróis de guerra, são instruídos para matar homens, autorizados a violar mulheres, a apoderarem-se da terra e das suas riquezas, a explorarem recursos e a apropriarem-se ou dominarem por qualquer meio os povos conquistados".
Carol P. Christ
 

PODEMOS PENSAR QUE NÃO, MAS A Mulher continua controlada pelos valores da sociedade patriarcal, sem vontade sua, sem vontade própria, uma vontade oriunda da sua psique, porque ela ainda é sujeita à vontade e moral do homem desde há séculos; ainda hoje a mulher que se julga emancipada não se libertou dessa subordinação ao Homem de forma consciente e lúcida e mantém inconscientemente a mesma subordinação às autoridades e leis vigentes, à lei do mais forte e à sua cultura. Ela permanece dentro da ordem estabelecida que a domina, sejam quais forem essas autoridades e leis (pai-padre-marido-patrão-lider). E ainda que se julgue e na aparência que a mulher “moderna” é já liberta, e faz o que quer, ela continua a inserida numa sociedade machista,que a oprime e abusa, porque vive mascarada de uma FALSA igualdade, numa falsa integração social e política, mas ela no fundo de si mesma continua sem identidade própria, desligada do principio feminino, da sua matriz ontologica, continuando a falar língua do Homem, a usar e a ser aglutinada pelo discurso masculino e pela cultura em vigor. A mulher é perfeitamente controlada por esses valores de dominação patrista. Por mais subtis ou subliminares que eles possam parecer e mal se dê por eles deixam as suas marcas na psique da mulher e essa pretensa liberdade e integração da mulher na sociedade, de que se faz tanto alarde, não passa de mera manipulação política e intelectual por parte dos poderes instituídos. Tal como aconteceu como a despenalização do aborto, e ainda a possível "legalização" da prostituição ou outro qualquer assunto feminino de fundo, como ser mãe solteira com dignidade ou mulher só, continuam nas mãos do Homem que controlam o utero e o sexo da mulher sem uma solução digna para todas as Mulheres.
rlp
  

2 comentários:

Raissa disse...

Rosa continue seu trabalho, eu sou de algumas poucas brasileiras que lêem seu blog.

rosaleonor disse...

Muito obrigada Raissa pelo estimulo. Um beijinho