O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

terça-feira, agosto 13, 2002

LOVE



Palavras...

Não me peças palavras, nem baladas,
Nem expressões, nem alma... Abre o seio,
Deixa cair as pálpebras pesadas
E entre os seios me apertes sem receio

(...)

José Régio


NÃO RESISTO...


" Desejo que em minha casa haja
uma mulher razoável, um gato
deslizando entre os livros e amigos em todos os momentos,
sem os quais me é impossível viver"


G.Apollinaire


"Tronco luxurioso".

E banho-me nele. Ele está ligado à raíz que penetra em nós na terra. Tudo o que escrevo é tenso. Uso palavras soltas que são em si mesmas um dardo livre: "selvagens, bárbaros, inobres decadentes e marginais". Isto te diz alguma coisa? A mim fala.

Mas a palavra mais importante da língua tem uma única letra: é. É.

Estou no âmago.

Ainda estou.

Estou no centro vivo e mole.

Ainda.

in "ÁGUA VIVA" - CLARISSE LISPECTOR

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