O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

segunda-feira, agosto 05, 2002

"O QUE DEVEMOS É SALTAR NA BRUMA,

CORRER NO AZUL À BUSCA DE BELEZA

Mário Sá-Carneiro



PRIÈRES

"J'élève la voix bien haut Et je te dis ma douce Reine Heureuses Tes entrailles Qui me supportent si bien Et tes mamelles à sucer Qui apaisent ma Soif Je te salue, ô Marie D'autant de grâce Que je suis lié à Toi Toi la plus bénie D'entre les femmes Et le fruit de Ton Sein est béni."

ANTO

Caprixos de lilás, febres esguias,
Enlevos de Ópio - Íris-abandono...
Saudades de luar, timbres de outono,
Cristal de essências langues, fugidias...


O pajem débil de ternuras de cetim,
O friorento das carícias magoadas,
O príncepe das ilhas transtornadas;
senhor feudal das Torres de Marfim...


Lisboa, 14 de Fevereiro de 1915

in "NO LADO ESQUERDO DA ALMA"

Mário Sá-Carneiro



ÁGUA VIVA

"Ouve-me, ouve o meu silêncio. O que falo nunca e sim outra coisa.
Quando digo "águas abundantes" estou falando da força do corpo nas águas do mundo.
Capta essa outra coisa de que na verdade falo porque eu mesma não posso.
Lê a energia que está no meu silêncio. Ah tenho medo do Deus e do silêncio."

Sou-me


(...)

"Estou lidando com a matéria-prima.
Estou atrás do que fica atrás do pensamento.
Género não me pega mais."


CLARISSE LISPECTOR

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