O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

domingo, janeiro 23, 2022

SER MULHER

 



“O que me preocupa é que, quando as mulheres chegam ao poder, (sim, diz ele, “as mulheres são mais sólidas, mais objectivas, mais sensatas”) elas perdem isso tudo.” 
José Saramago


SER MULHER É SER INTEIRA...

Por hora e neste presente tempo que é o nosso não há uma base sólida de "saber" para nos agarrarmos a nada e estarmos categoricamente certas...mas há um trabalho interior que implica à partida que a mulher procure sentir-se a si mesma e que viva, o mais que poder, fora de um contexto social que a oprime e esgota, e basear a sua vida a partir de dentro dela, sendo ela a sua própria força, baseada na sua consciência. Se continuar a apoiar-se no mundo exterior, na religião, qualquer que ela seja a crença, na sociedade patriarcal ou na família e toda a sua história familiar e social que a aprisiona há séculos, poucas hipóteses terá de ser ela mesma.
A luta social e humana em prol dos outros/as poderá realmente acontecer quando uma mulher estiver estruturada em si, (tal como o homem), confiante em si, e não viver isso como um sucedâneo para a sua infelicidade ou frustrações acumuladas, como acontece em geral; e esse é que é o trabalho interior que eu proponho a fazer-se individualmente: tomar primeiro consciência de si como mulher autentica e depois dar-se de forma livre, completa e não a querer colmatar o seu vazio existencial. Para isso é preciso trabalhar afincadamente, conscientemente as nossas bases de ser mulher, unir as duas mulheres cindidas em nós, em interioridade, ou até no silêncio, para vencer essa velha rivalidade entre mulheres...pois é nessa divisão dentro das mulheres - a luta entre as duas mulheres, a boa e a má - que os homens baseiam a sua supremacia e nos dominam, e nos impedem de ser nós mesmas, inteiras.
Curar essa ferida em nós, mãe e filhas, irmãs…e só em nós, e depois logo se verá...mas, por experiência própria, eu sei que á medida que fizermos esse trabalho connosco e nos distanciarmos da velha e atormentada mulher confinada à vontade alheia, directa ou indirectamente, também mudaremos face aos outros e ao mundo...Mas sem nos mudarmos a nós primeiro …sem essa Consciência não haverá Força para vencer…Continuaremos esmagadas e forçadas a ceder a pressão dos outros e do mundo e continuaremos a viver em nome de muitas coisas mas nunca de nós próprias.
O caminho é sempre interior e virado para dentro. É no nosso coração que temos de manter as reservas de força e amor para darmos a quem como nós, mulheres e homens porventura, façam o mesmo caminho para sair da luta deste Sistema que nos aprisiona a uns e outros há milénios. Este é o tempo Mulheres!

rosaleonorpedro


adenda

...Quando a maior parte das mulheres compreender e acordar para esta realidade que é a das mulheres no mundo, em vez de continuarem a fingir que são livres e fazem o que querem... e virem que o que lhes falta afinal não é só ter sexo nem dinheiro, e que tem vida para além do macho ou do falo, do filho e do lar ou do trabalho, sim quando elas virem que o que lhes falta é essencialmente essa outra parte de si mesmas (essa outra que lhe escapa) que ela olha e julga como uma outra mulher a "inimiga", a rival, e perceber enfim que há só uma Mulher, e que TODAS AS MULHERES SÃO ELA MESMA, ela ficará abismada pela forma como foi dividida, desde Eva e Lilith, desde a Virgem Maria a imaculada (a esposa e mãe casta e sem pecado e a Maria Madalena, a mante a pecadora arrependida) ...Tudo isto para que as sociedades e religiões patriarcais reinassem pelo seu sacrifício e anulação continuado a culpá-las do mal do homem em todo o mundo.
RLP
 

2 comentários:

Raissa disse...

Rosa, por algum motivo desconhecido minha irmã me odeia, e isso me deixa muito triste, porque nós éramos muito amigas

rosaleonor disse...

Busque aqui no blog temas sobre o amor de irmãs - vou ver o que encontro. Mas sabe que isso poce acontecer quando crescem e se tornam mulheres e começa o conflito habitual ou porque há um namorado ou porque ficam inseguras se a outra se torna mais bonita ou inteligente...mas tenho escrito sobre isso e a rivalidade entre mulheres. Procure em rivalidade entre mulheres.
Um abraço