O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

terça-feira, agosto 22, 2023

O ABUSO DA MULHER

 




O QUE MUDOU PARA A MULHER DEPOIS DE 1926 ATÉ 2023?

“A alma feminina jaz adormecida dentro dos trapos, das jóias, do império da moda – a eterna sultana desse harém de civilizados que ainda compram, vendem, exploram, seduzem, abandonam por imprestável a mesma mulher, cuja posse exclusiva consiste a sua preocupação única. É deprimente a situação da mulher neste meio de cafetismo social em que os homens não sabem olhar uma mulher senão desrespeitando-a.”* 



ESTAVA A PENSAR NAS MULHERES e parece que nada mudou mesmo! Continuam sendo vistas e olhadas como mero OBJECTOS de consumo sexual, o abuso do nu, mulheres sempre tidas como atração dos varios circos televisivos, olhadas como meros objectos sexuais, sempre, seja da tela, do cinema ao romance e à pornografia, usadas e abusadas até a exaustão pelos homens e ainda ao serviço da espécie, esposas ou barrigas de aluguer, prostitutas e acompanhantes de luxo, e como hoje de forma estranha tantos homens se estão a tornar "femininos" (o artificial feminino criado por eles) e querem ser mulheres...

Talvez cansados do estupro, do abuso e da violência doméstica, do seu papel de machos alfa...

Talvez...
Mas cansada estou eu de ver o quanto as mulheres foram vitimas destas atrocidades ao longo da história e da cultura e agora ainda são...vitimas de si mesmas, alienadas de uma Mulher Matriz e contra elas próprias, pedem mais sexo e fazem tábua rasa desta história que as anula e reduz a um mero sexo de prazer e um corpo de alterne...
E o que eu vejo e me doi na pele e na alma é saber que o que as mulheres precisam mesmo é de respeito e carinho, consideração e amor sim, mas sem competição, nem apegos, nem obsessões ou romantismos...
Tudo o que falta a mulher é esse respeito e amor da mãe que lhes faltou logo em menina e não sofrer o abandono egoísta dessa mãe narcisista e também doente e mal amada desprezada pela sua mãe...e o ciclo é vicioso, desde há seculos de mulheres contra mulheres.
Parar este ciclo vicioso de odios entre mulheres e rivalidade mãe e filha - há tanto a fazer pelas mulheres e por nós, tanto que podemos trocar e dar sem querer ensinar nada, nem inventar soluções nem remédios.
Vivemos uma vida apenas em busca de afirmação porque fomos abandonadas e abusadas e inseguras procuramos saidas sem nos encontrar verdadeiramente... agora o que precisamos é de verdade e sinceridade e apoio na velhice seja que idade tivermos. E não conversas sobre sexo...nem dicas, nem erotismos - sinceramente, penso que o respeito e a dignidade é o que mais faz falta entre mulheres...porque lhes falta a elas mesmas esse respeito e dignidade por tanto terem vivido dependentes do amor romântico sempre a espera das migalhas dos homens, amantes e filhos...sem nunca conseguirem ser elas mesmas, e entre amantes e traições se digladiarem e odiarem umas as outras.
rosa leonor pedro

*Maria Lacerda de Moura, Religião do amor e da beleza (1926)

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