NESTES CASOS, O QUE VERDADEIRAMENTE TRANSPORTA E FASCINA É A MULHER DE ESPÍRITO OU A MULHER OCULTA a que já referimos, e o ser humano correspondente serve unicamente de intermediário para a experiência ou activação desta mulher. Uma imagem primordial que transportamos em nós, nas camadas profundas do noso ser, manifestando-se em circunstâncias determinadas ao encontro de uma pessoa real, dando origem a um transe clarividente e ébrio: pois a imagem que transportamos em nós é também o ETERNO FEMININO pressentido objectivamente no ser amado, o qual sofre então um processo muitas vezes fulgurante de transubstanciação, como o sentido de um total desnudamento, de uma aparição efectiva, duma hierofania ou cratofania.(1) Este contacto perigoso com algo supra-sensível pode ser objecto dum momento único excepcional, mas pode também persistir durante um certo periodo de tensão mais ou menos elevada desenvolvendo-se assim, habitualmente nos amantes comuns, não tanto na base duma verdadeira percepçãp, como do efeito criado pelo despertar de estados emotivos intensos. No amor à primeira vista, e naquilo a que se chama o "coup de foudre", o processo tem a aparência comparável a um curto-circuito." (...)
(1)G.Bruni, descreve, no fundo, este processo quando afirma: "Os olhos conhecem as espécies e propõem-nas ao coração (à consciência profunda, despertada pela imagem latente), o coração cobiça-as apresentando-as aos olhos (fazendo aperceber, por trás das aparências sensíveis, o arquétipo ou entidade no ser amado)...Assim, em primeiro lugar, o conhecimento move a afeição, seguidamente a afeição move a consciência."
In METAFÍSICA DO SEXO - jULIO eVOLA
O SORRISO DE PANDORA
“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja.
Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto.
Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado
Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “
In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam
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