O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quinta-feira, setembro 26, 2002




ORAÇÃO A HATHOR

"Ó vós que estais nas margens do céu ocidental,
que vos alegrais de ir ao encontro de Hathor
e desejais ver a epifania da sua beleza!
Eu dou a conhecer a sua essência,
digo diante dela que me alegro com a sua vista.
Meus braços fazem o gesto certo:


Vem a mim, vem a mim!
Meu corpo fala e meus lábios repetem música dos sacerdotes de Hathor,
música de milhões de sons e centenas de milhar.
Eu sou quem faz com que o cantor da manhã inspire música diàriamente
para Hathor,
e todas as horas em que deseje
que o teu coração se alegre com a sua música"
.

Império Novo - 1550 - 1070 a.C.



Eh, como outrora era outra a que eu não tinha!
Como amei quando amei! Ah, como eu via
Como e com olhos de quem nunca lia
Tinha o trono onde ter uma rainha.

Sob os pés seus a vida me espezinha.
Reclinando-te tão bem? A tarde esfria...
Ó mar sem cais nem lado nem maresia,
Que tens comigo, cuja alma é a minha?


Sob uma umbela de chá em baixo estamos
E é subita a lembrança
Da velha quinta e do espalmar dos ramos
Sob os quais a merendar - Oh, amor da glória!
Fecharam-me os olhos para toda a história!
Como sapos saltamos e erramos...


FERNANDO PESSOA

1 comentário:

Ná M. disse...

QUE EU NÃO SEJA BOA
E QUE TENHA O EGOÍSMO NATURAL DAS FLORES.................