O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sábado, março 25, 2006

A Mitologia e a política...

HÁ MILHARES DE ANOS, CASSANDRA, ÚLTIMA PITONISA DA DEUSA-MÃE FOI VOTADA AO DESCRÉDITO POR APOLO, O DEUS QUE DESTRONOU O ORÁCULO DE DELFOS E MATOU A PITON.
DESDE AÍ, A MULHER QUE ERA A PÍTIA, SACERDOTISA DA DEUSA, DEIXOU DE SER INTÉRPRETE DO DIVINO PARA O HOMEM, SACERDOTE DE APOLO, SERVIR OS INTERESSES EXCLUSIVOS DOS GUERREIROS E CHEFES E NÃO A ORDEM ESTABELECIDA ENTRE O CÉU E A TERRA E O SEU EQUILÍBRIO...

ESSA É A CULTURA GREGA-ROMANA QUE HERDAMOS E A QUE PREVALECE AINDA NOS NOSSOS DIAS.

ASSIM A VOZ DAS MULHERES É VOTADA AO DESCRÉDITO DESDE QUE NASCEM...
SEJAM ELAS CULTAS OU INCULTAS O COMPLEXO DE CASSANDRA ESTÁ INCULCADO NELAS E NELE SE REVELA O SEU SENTIMENTO DE IMPOTÊNCIA...

ESSE É O VERDADEIRO DILEMA...




“As mulheres por vezes ficam histéricas e fazem e dizem as coisas mais estranhas. Mas esta observação vai dar a volta e morder a própria cauda: talvez a verdade da vida e do viver resida nas estranhas coisas que as mulheres fazem e dizem quando estão histéricas”

in “ As Duas Vozes”- de William Golding



"Quotas ou mérito: o falso dilema"

Marina Costa Lobo
(marinacosta.lobo@gmail.com)
Politóloga

(excerto de artigo)
É que as mulheres não são uma minoria. As mulheres existem em todos os grupos sociais e constituem metade da sociedade, portanto, a sua representação não significaria dar direitos a uns que se negam a outros.

Se as mulheres merecem paridade, será para representar o quê? O que há de tão específico em ser mulher que permita que se reivindique direitos enquanto grupo? Defender uma forma feminina de estar na política parece-me errado e perigoso. Só serve para guetizar as mulheres em áreas que historicamente lhes foram consignadas (educação, saúde, família) apenas porque estas não tinham poder para escolher as áreas que lhes interessavam livremente. Acho que a razão principal é a de alargar os horizontes profissionais das nossas filhas. Vários estudos feitos em Portugal mostram que as mulheres em Portugal são dos grupos que sistematicamente sentem que a sua voz não conta na política. Estes sentimentos são criados desde a infância. Quando se chega à idade de votar já é demasiado tarde para inverter sentimentos de ineficácia. A presença de mulheres no Parlamento servirá por isso para alterar mentalidades.


in Diário de Notícias (de hoje)

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