«Após "Flor no deserto", em que a top model Waris Dirie contava a sua vida na Somália, onde nasceu, numa aldeia Tradicional, e onde foi vitima dos bárbaros costumes, que ainda hoje assombram a vida de milhares de mulheres, antes de fugir para os Estados Unidos, como acto desesperado de libertação, surge ainda mais uma obra que relata o seu regresso ao país onde nasceu e que demostra a inabalável confirmação do quanto se pode amar um país sem que todavia aceitem todas as suas regras e tradição.»
Mukhtar Mai
"Nunca ficou tão clara a hipocrisia das Nações Unidas quanto no caso divulgado no último fim de semana: a ONU decidiu cancelar a entrevista de uma paquistanesa vítima de estupro coletivo. Mukhtar Mai estava sendo apresentada como “a mulher mais corajosa da Terra”, mas a entrevista acabou cancelada porque o primeiro-ministro do Paquistão estava visitando a ONU e não se queria constrangê-lo.
Ela falaria na TV da ONU, mas, na véspera, a instituição mandou informar que a entrevista ficaria para melhor oportunidade, porque isso poderia incomodar o primeiro-ministro paquistanês, Shaukat Aziz, em visita às Nações Unidas.
[...]
A ONU, guardiã e defensora dessa declaração universal, decidiu que lá Mai tem que se calar. Entre dar voz a uma vítima de grave violação dos direitos humanos ou a mais um burocrata de ocasião, ficou com a segunda opção."
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O nome e a história de Mai correram mundo e continuarão correndo nos próximos anos. Ela virou um símbolo da luta contra a barbárie, pelos direitos humanos, contra a violência contra a mulher. É admirada, respeitada e apoiada. Tudo o que aconteceu a ela seria mais um caso de abuso contra a mulher num lugar remoto, tolerado pelo mundo com a desculpa de que essa é a cultura local ou essa é a lei religiosa, não fosse sua determinação de não se calar.
Numa entrevista à CNN, Mai disse, numa vozinha baixa e tímida, uma mensagem de extraordinário poder: “Eu tenho uma mensagem para as mulheres do mundo, todas as mulheres que foram estupradas ou foram vítimas de violência. É preciso falar sobre o que houve, e lutar por Justiça.” Parece simples e fácil, mas para todas as vítimas de violência sexual este é o passo mais difícil: falar sobre o crime e expor a humilhação de que foi vítima." (...)
NOTA À MARGEM:
O que fica claro destas e outras situações não é só a hipocrisia da ONU mas a realidade de todas as organizações paternalistas que pretendem defender direitos de minorias, mas em que a mulher acaba sendo sempre vítima como há tempos li que umas raparigas refugiadas foram exploradas e violentadas sexualmente por membros oficiosas da própria ONU.
O Mundo Patriarcal em momento algum defende na verdade a causa das mulheres por lhes ser estruturalmente impossível fazê-lo. Está na constituição das suas leis e é da sua própria índole e "princípios" de domínio secular a subalternidade da mulher. A ideia muito intelectual, divulgada nos midea, muito moderna e democrática de uma igualdade dos sexos, na sociededa machista e falocrática é sempre um pretexto para dessimular a realidade que não lhes interessa remover e mesmo que quisessem não saberiam. A violência sobre as mulheres está-lhes ainda nos genes de bárbaros...
Obrigada Marian!!!
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