A MÃE E A FILHA
“O Mito Deméter-Perséfone é um dos mais arquetípicos e duvido que não o encontremos, de algum modo, nas tradições espirituais de todos os povos da Terra. Como vimos, trata-se de um Mito que nos apresenta as relação entre as forças da Natureza e, portanto, surge necessariamente na alma de quem se relaciona com as forças do mundo natural. Todas as sociedades deram com esse arquétipo em suas primeiras fases agrícolas. Num certo sentido, ele está presente em todo o paganismo – “pagão” significa, no sentido romano, “pessoa do campo” – e os costumes folclóricos europeus da época medieval exprimem, como se pode ver com bastante clareza, esses arquétipos. A feitiçaria medieval tem muitas probabilidades de ter sido uma forma ingénua de celebração de mistérios pagãos dessa espécie, em vez de uma “conspiração espiritual” contra a Igreja organizada, que quase a destruiu por inteiro.
No período de caça às bruxas, projectou-se a figura de Hécate nas mulheres que participavam desses simplórios rurais, enquanto que os homens tiveram projectado sobre si o arquétipo de Pã, tomado como uma espécie de figura “demoníaca”. Assim, a sociedade patriarcal da Igreja sentiu-se em pleno direito e, na verdade, contando com a aquiescência do Deus Pai, para perseguir e destruir tudo o que via, por meio das suas próprias projecções, como figuras do mal.Talvez a Igreja temesse de modo mais particular nesses resquícios dos mistérios de Deméter-Perséfone-Hecate fosse a Deusa Tríplice, que ameaçava a sua visão de mundo dualista.”
In A DEUSA TRÍPLICE!”
ADAM MCLEAN
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