"Dizia-se só assim: a Natália. Como se diz a Sophia, a Agustina, a Amália. Mulheres que logo no nome trazem marcada a força, espécies muito diferentes de uma força que lhes traça o som e a grafia dos nomes, com o poder insondável de um destino."
(…)
Num auto-retrato falado, Natália resumiu-se: "Eu pareço entusiástica, exuberante, mas é só por fora. É a minha forma de me libertar das tensões que as pessoas mordem dentro de si. Interiormente, tenho a imobilidade de um ídolo oriental. Mas não sou fria. Sou até um ser profundamente afectivo. Coloco o amor na sua totalidade - o Amor que compreende Eros, Ágape (ou amor sublime), Líbido, e Fília (amizade). Este amor é a própria essência da cultura portuguesa."
In Artes dn
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E DEUSAS
Epifania
Imaculada Conceição, estás no centro da terra,
No coração da rosa. À tua volta está o mundo
Em círculos e círculos…
Força de vida, enrola-se em ti.
Calada e funda. Violenta e tão docemente.
A noite vai descer sobre a terra.
Os montes sobem para o céu.
Sem força não se faz, mas só a força cria a força: (Sem amor nada se faz, mas só o amor cria o amor). A solução está neste prodígio: caçar a força com a força. Sabe o que é entrar para um círculo fechado, que não se pode abrir, quebrar, para segurar uma ponta?
Mas o possível só é possível no impossível.
E o mundo aparece como uma construído por múltiplos anéis fechados, em que a primeira flor é a última flor; serpentes mordendo a cauda, anéis duríssimos que urge rebentar, círculos cruzando-se saíndo uns dos outros, multiplicando-se, oscilando no ar.
21-XII-1967
A FORÇA DO MUNDO
Dalila L. Pereira da Costa
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