O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quinta-feira, maio 27, 2021

A CEGUEIRA HUMANA



O ENSAIO SOBRE A CEGUEIRA E A PROFECIA 
DE JOSÉ  SARAMAGO:
É isto que estamos a viver no mundo inteiro... ou como uma metáfora virou realidade!


"A cegueira começa num único homem, durante a sua rotina habitual. Quando está sentado em seu carro no semáforo, este homem tem um ataque de cegueira, e é aí, com as pessoas que correm em seu socorro que uma cadeia sucessiva de cegueira se forma… Uma cegueira, branca, como um mar de leite e jamais conhecida, alastra-se rapidamente em forma de epidemia. O governo decide agir, e as pessoas infectadas são colocadas em uma quarentena com recursos limitados que irá desvendar aos poucos as características primitivas do ser humano.
A força da epidemia não diminui com as atitudes tomadas pelo governo e depressa o mundo se torna cego, onde apenas uma mulher, misteriosa e secretamente manterá a sua visão, enfrentando todos os horrores que serão causados, presenciando visualmente todos os sentimentos que se desenrolam na obra: poder, obediência, ganância, carinho, desejo, vergonha; dominadores, dominados, subjugadores e subjugados.
Nesta quarentena esses sentimentos se irão desenvolver sob diversas formas: lutas entre grupos pela pouca comida disponibilizada, compaixão pelos doentes e os mais necessitados, como idosos ou crianças, embaraço por atitudes que antes nunca seriam cometidas, atos de violência e abuso sexual, mortes,

Ao conseguir finalmente sair (devido a um fogo posto na camarata de um grupo dominante, que instalara ainda mais o desespero controlando a comida a troco de todos os bens dos restantes e serviços sexuais) do antigo hospício onde o governo os pusera em quarentena, a mulher que vê depara-se com a ausência de guarda: “a cidade estava toda infectada”; cadáveres, lixo, detritos, todo o tipo de sujidade e imundice se instalara pela cidade. Os cegos passaram a seguir os seus instintos animais, e sobreviviam como nômades, instalando-se em lojas ou casas desconhecidas.

Saramago mostra, através desta obra intensiva e sofrida, as reações do ser humano às necessidades, à incapacidade, à impotência, ao desprezo e ao abandono. Leva-nos também a refletir sobre a moral, costumes, ética e preconceito através dos olhos da personagem principal, a mulher do médico, que se depara ao longo da narrativa com situações inadmissíveis; mata para se preservar e aos demais, depara-se com a morte de maneiras bizarras, como cadáveres espalhados pelas ruas e incêndios; após a saída do hospício, ao entrar numa igreja, presencia um cenário em que todos os santos se encontram vendados: “se os céus não vêem, que ninguém veja”…
A obra acaba quando subitamente, exatamente pela ordem de contágio, o mundo cego dá lugar ao mundo imundo e bárbaro. No entanto, as memórias e rastros não se desvanecem." Wikipedia

3 comentários:

Vânia disse...

É ...são cegos... Mas não é só nos semáforos... Nas passadeiras não param perante uma jovem de muletas magra abatida com próteses externas um pouco por todo o corpo. .. essas são as visíveis.... Não há quem me levante do chão quando Caio no chão na rua. Não há quem pare um carro para dar passagem. Chegam a rir e até a assediar... Até doente sempre fui uma Mulher bonita, enfim... É a Vida... Houvessem mais Saramagos Rosas e Joanas frontais e assertivas... Há mais algumas por aí mas hoje já não dá mais. Esgotada com a cegueira desumana!

Vânia disse...

Comento mais do q aqui aparece... Não quer saber a minha opinião sobre o livro ou não existopq sou aquela q extrPolo? A mediunidade verdadeiramente sentida mão é fácil eu devia ser acarinhada não posta de parte por simplesmente extrapolar . Quase um ano a viver sozinha foi a ti a primeira q recebeste a novidades. Até hoje nem comentas nada meu. Não me dirihljam palavra SFF.

rosaleonor disse...

Vania, passo muito pouco tempo no PC e não tenho estado bem de saude, acho que já te disse isso. Este momento não é fácil para ninguém e as pessoas estão todas muito mal... não há ninguém que não extrapole. isso é um facto. O meu trabalho é escrever e não atender nem responder a ninguém. Apesar de o fazer sempre que posso e estou por aqui e abro os emails, raramente. Além de não me apetecer perder tempo nas redes sociais há muita gente com problemas a minha volta e também não posso responder a todas - nomeadamente nas redes sociais. Não posso comentar no Instagram e nem sei porquê e estou-me nas tintas para aquilo. Só me interessa divulgar o livro.
A luta humana é individual e todas temos problemas. A vida não está fácil para ninguém. Nem ninguém pode salvar ninguém. A nossa humanidade está em perigo pelo egoismo e as paranoias e crenças das pessoas em geral.
Desejo-te as melhoras.