CARTA PARA NÃO MANDAR
Dispenso-a de comparecer na minha ideia de si.
A sua vida (...)
Isso não é o meu amor; é apenas a sua vida.
Amo-a como ao poente ou ao luar, com o desejo de que o momento fique, mas sem que seja meu nele mais que a sensação de tê-lo.
"A mais vil de todas as necessidades — a da confidência, a da confissão. E a necessidade da alma de ser exterior.
Confessa, sim; mas confessa o que não sentes. Livra a tua alma, sim, do peso dos seus segredos, dizendo-os; mas ainda bem que o segredo que dizes, nunca o tinhas dito. Mente a ti próprio antes de dizeres essa verdade. Exprimir(-se) é sempre errar. Sê consciente: exprimir seja, para ti, mentir."
fernando pessoa - o livro do desassossego
Confessa, sim; mas confessa o que não sentes. Livra a tua alma, sim, do peso dos seus segredos, dizendo-os; mas ainda bem que o segredo que dizes, nunca o tinhas dito. Mente a ti próprio antes de dizeres essa verdade. Exprimir(-se) é sempre errar. Sê consciente: exprimir seja, para ti, mentir."
fernando pessoa - o livro do desassossego
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