O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

segunda-feira, maio 03, 2021

as serpentes

"...Fernando Pessoa disse que ELA (a serpente), liga os contrários verdadeiros, porque ao passo que os caminhos da direita, ou da esquerda, ou do meio, ela segue um caminho que passa por todos e não é nenhum. Ela é, acrescentou num apontamento nebuloso, na ordem material direita de Portugal. (...) *
*In “Portugal Razão e Mistério” de António Quadros



As serpentes
despertam-me a curiosidade, porque não são amáveis.
Apetece-me passar esta noite de vigília, não dormir, ou dormir fora do meu lugar, para que mesmo os meus sonhos, durante a noite, sigam outra corrente. Eu peço à vida continuação e silêncio; “on demande à la vie apaisement et silence”.
Um dia virá
em que será possível ver
que não sei,
mas o que procuro se desenha,
e perece.
Não tenho a força necessária para interromper ainda esta noite.

 
“Le serpent qui ne peut changer de peau périt. De même les esprits que l’on empêche de changer d’opinions; ils cessent d’être esprits”.

 
In finita de Maria Gabriela Llansol


A SERPENTE COSMICA

"Como uroboros, a serpente que morde seu rabo, simboliza o caráter cíclico de todo ser, o fim que se une ao começo. Neste sentido, ainda faz parte de uma visão integrada da vida humana. Sua associação com vida, fertilidade, rejuvenescimento e regeneração faz dela um símbolo de imortalidade, razão pela qual é sempre encontrada junto à Árvore da Vida, possibilitando o acesso a ela. Nas diferentes partes da África, a força primordial da criação é concebida como a "serpente cósmica", uma das criaturas mais amplamente encontradas nas diversas mitologias."


MONIKA VON KOSS

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