Por Ricardo Aguieiras
(excerto de artigo)
Esta é uma história minha.Venho de uma família onde as mulheres são corajosas, lutadoras e inteligentes. E os homens covardes, cheios de medos e medíocres. Muitas vezes violentos com seus filhos e mulheres e submissos aos seus patrões. Essa é a minha história. E, espero, não seja a sua.(…)
Nossa sociedade valoriza enormemente o homem, o macho, o masculino. Vê o homem como o semeador da coragem, mas pela minha história podem perceber que não é bem assim. Valoriza o pau. E quem tem falo é o homem. Lembrem-se que isso ocorre desde que nascemos. Valoriza a penetração, ao contrário da carícia. Carícia? Isso é feminino. Quem fez o universo foi Deus e a imagem de Deus é de um homem, não a de uma mulher. Na família ocidental parece que o filho que se destaca no futebol tem mais valor que a filha que se destaca na pintura. Raros países tiveram mulheres na presidência. E a verdade é que a mulher ainda é vista como um ser inferior. Se isso ocorre desde a minha formação, como é que eu, um homossexual, posso sentir atração por um outro afeminado? Não posso. Mas garanto que muitos sentem, mas não assumem. Medo de chacota dos amigos, como apresentar um namorado afeminado? Essa questão de gosto é a mesma questão da beleza e da estética: se o macho é tão valorizado, claro que eu vou gostar de macho. (…)
Infelizmente, essa questão chega às raias do absurdo e tem tudo a ver com homofobia. Uma vez assisti uma série de palestras na PUC sobre sexualidade e o livre desejo. Numa delas, um psicanalista estrangeiro que estava se apresentando, (desculpem, não me lembro o nome dele, acho que foi em 1991) e ele foi indagado do por que do ódio aos homossexuais, do preconceito e da homofobia. E, depois de muita discussão onde ele até foi acuado verbalmente, veio a resposta: O medo do homossexual é o medo do feminino. É o medo que temos da mulher e é a misogenia. A platéia silenciou. Não só para mim, mas para muita gente que estava lá, tudo ficou mais claro. Caiu a ficha! A homofobia seria então igual a misogenia. O quebra-cabeças começa a se encaixar. Claro que homofobia envolve outras questões, como a posição cristã da procriação.
Nossa sociedade valoriza enormemente o homem, o macho, o masculino. Vê o homem como o semeador da coragem, mas pela minha história podem perceber que não é bem assim. Valoriza o pau. E quem tem falo é o homem. Lembrem-se que isso ocorre desde que nascemos. Valoriza a penetração, ao contrário da carícia. Carícia? Isso é feminino. Quem fez o universo foi Deus e a imagem de Deus é de um homem, não a de uma mulher. Na família ocidental parece que o filho que se destaca no futebol tem mais valor que a filha que se destaca na pintura. Raros países tiveram mulheres na presidência. E a verdade é que a mulher ainda é vista como um ser inferior. Se isso ocorre desde a minha formação, como é que eu, um homossexual, posso sentir atração por um outro afeminado? Não posso. Mas garanto que muitos sentem, mas não assumem. Medo de chacota dos amigos, como apresentar um namorado afeminado? Essa questão de gosto é a mesma questão da beleza e da estética: se o macho é tão valorizado, claro que eu vou gostar de macho. (…)
Infelizmente, essa questão chega às raias do absurdo e tem tudo a ver com homofobia. Uma vez assisti uma série de palestras na PUC sobre sexualidade e o livre desejo. Numa delas, um psicanalista estrangeiro que estava se apresentando, (desculpem, não me lembro o nome dele, acho que foi em 1991) e ele foi indagado do por que do ódio aos homossexuais, do preconceito e da homofobia. E, depois de muita discussão onde ele até foi acuado verbalmente, veio a resposta: O medo do homossexual é o medo do feminino. É o medo que temos da mulher e é a misogenia. A platéia silenciou. Não só para mim, mas para muita gente que estava lá, tudo ficou mais claro. Caiu a ficha! A homofobia seria então igual a misogenia. O quebra-cabeças começa a se encaixar. Claro que homofobia envolve outras questões, como a posição cristã da procriação.
(…)
Bom, eu adoro as mulheres, quase que incondicionalmente. E adoro as bichas loucas. Sinto o desmunhecar como um gesto de Deus. Acima de tudo, um gesto de Deus.
Bom, eu adoro as mulheres, quase que incondicionalmente. E adoro as bichas loucas. Sinto o desmunhecar como um gesto de Deus. Acima de tudo, um gesto de Deus.
(…)
Nunca esqueci da epígrafe que o Manuel Puig colocou no início do seu livro mais famoso, O Beijo da Mulher Aranha: "Se os homens fossem como as mulheres, não haveria torturadores no mundo".
Nunca esqueci da epígrafe que o Manuel Puig colocou no início do seu livro mais famoso, O Beijo da Mulher Aranha: "Se os homens fossem como as mulheres, não haveria torturadores no mundo".
Sim, você vai me dizer que tudo isso é um mito. Que mulheres em cargo de chefia na guerra do Iraque, agora, torturaram prisioneiros de guerra. É verdade. E eu respondo: não eram mulheres, eram "homens".
A história nos nega o conhecimento dos cinco mil anos de matriarcado que a humanidade viveu. Quase nada sabemos disso. Acho conveniente ao homem e ao patriarcado que seja assim. Mas temos a total capacidade de fazer com que tudo isso comece a mudar. Cada vez que glorificamos o "macho"; a masculinidade ou o homem, estamos ajudando a manutenção dos armários e do enrustimento. E colocando mais uma pá de cimento em cima dos nossos poucos avanços.
É muito triste isso.
Ricardo Rocha Aguieiras
(TEXTO ENVIADO POR AMIGO BRASILEIRO)
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