O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sexta-feira, dezembro 14, 2007

a Voz de uma escritora africana

" A BRAVURA HUMANA INSPIRA-SE NA FILOSOFIA DO ÓDIO."

NO mundo do poder patriarcal dizem que o homem é deus. Iludem-no. Se considerarmos os homens como metade dos habitantes do planeta, a terra seria uma selva de idolatria, divindades, templos e altares. Por incrível que pareça , há homens que caem nessa armadilha com a voracidade dos macacos, consumindo a vida na materialização desta filosofia de loucura.


Dizem que o homem é bravo. Brutalizam-no e fazem dela uma besta para a realização dos desejos sociais, inspirando-o a destruir tudo para abrir percursos desconhecidos. (...) O cadáver do homem-herói é servido ao mundo inteiro em bandeja de ouro como um manjar. As façanhas do herói alimentam os dentes e estômagos sociais de vaidade e supremacia.

Dizem que o homem é livre. Filosofia de mentira. Como pode um homem ser livre se logo à nascença lhe colocam amarras na mente, tornando-o escravo de profecias e destinos já traçados por poderosos invisíveis? Dizem que um homem não chora. Filosofia de mentira. Como pode um homem não chorar, se ele é amor, se todo ele é amor, paixão, sensibilidade, ilusão, vibração, cor, movimento, vitória, derrota, vida e morte?

No mundo do poder masculino a mulher é escrava do homem e o homem da sociedade. A existência da mulher é insulto, insignificância. Mas antes a insignificância do que a existência penosa imposta ao homem pelos arquitectos do pensamento universal. Em todas as famílias do mundo, marido e mulher se digladiam nas quatros paredes. O que eles não entenderam ainda é que tanto o homem como a mulher são vítimas de um sistema milenar arquitectado por cérebros astutos, tiranos, desumanos, vivendo em esferas inalcançáveis.”

PAULINE CHIZIANE - O SÉTIMO JURAMENTO

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