NO mundo do poder patriarcal dizem que o homem é deus. Iludem-no. Se considerarmos os homens como metade dos habitantes do planeta, a terra seria uma selva de idolatria, divindades, templos e altares. Por incrível que pareça , há homens que caem nessa armadilha com a voracidade dos macacos, consumindo a vida na materialização desta filosofia de loucura.
Dizem que o homem é bravo. Brutalizam-no e fazem dela uma besta para a realização dos desejos sociais, inspirando-o a destruir tudo para abrir percursos desconhecidos. (...) O cadáver do homem-herói é servido ao mundo inteiro em bandeja de ouro como um manjar. As façanhas do herói alimentam os dentes e estômagos sociais de vaidade e supremacia.
Dizem que o homem é livre. Filosofia de mentira. Como pode um homem ser livre se logo à nascença lhe colocam amarras na mente, tornando-o escravo de profecias e destinos já traçados por poderosos invisíveis? Dizem que um homem não chora. Filosofia de mentira. Como pode um homem não chorar, se ele é amor, se todo ele é amor, paixão, sensibilidade, ilusão, vibração, cor, movimento, vitória, derrota, vida e morte?
No mundo do poder masculino a mulher é escrava do homem e o homem da sociedade. A existência da mulher é insulto, insignificância. Mas antes a insignificância do que a existência penosa imposta ao homem pelos arquitectos do pensamento universal. Em todas as famílias do mundo, marido e mulher se digladiam nas quatros paredes. O que eles não entenderam ainda é que tanto o homem como a mulher são vítimas de um sistema milenar arquitectado por cérebros astutos, tiranos, desumanos, vivendo em esferas inalcançáveis.”
PAULINE CHIZIANE - O SÉTIMO JURAMENTO
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