O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sexta-feira, julho 26, 2002



Artigo publicado há dois meses na revista "Espaço& design"

“Tuas intenções são excelentes, mas a tua alma não se decidirá jamais a divulgar a verdade, por causa da diversidade das opiniões e das misérias do orgulho”. (Krates)

Já agora tanto faz. Cada um diz o que quer. Ninguém quer saber do que o outro diz, ninguém é objectivo, só se diz o que interessa ou se vende, no grande Mercado das Letras e Intrigas. Cá por mim fico pelo meu Blog
Aí ao menos não tenho que me vender nem bajular editores, directores, meter cunhas ou insinuar-me de “chinelas de prata” no pé à procura de patrocínios de ministros e deputados, firmas e Bancos ou marcas de sapatos! Sabem o que é um Blog? Eu não sabia não, nem na Fnac me informaram; parece que é uma espécie de Página na Internet, estilo “diário de bordo”, para quem navega por lá, mas o melhor é irem lá ver!

No Brasil parece que é o que está a dar...

E eu pus lá assim (sem medo de críticas, nem de análises, sem formalismos, sem cursos e diplomas. Quero dizer, como quando tinha vinte anos e acreditava nas coisas sérias da vida; é como voltar ao meu diário...).
Quando escrevo é quase sempre para mim mesma, para me reflectir no papel e poder ver-me ou sentir-me mais profundamente. Sempre escrevi como forma de interiorização, mas inconscientemente, pensei sempre, que havia alguma luz que me vinha de onde não sabia e, ao mesmo tempo, como se alguém também estivesse por detrás do meu ombro a soprar-me e a escutar-me simultaneamente. Lembro-me de escrever ainda adolescente os meus diários, com a viva sensação de haver alguém para quem eu escrevia e que eu desconhecia ainda e esperava a revelação. Não sei se era a falta de um interlocutor se a intuição de haver um “duplo”. Algo do outro lado...



As pessoas normalmente falam para Deus ou para uma parte luminosa do seu ser. Qualquer criatura por mais embutida que seja tem disso uma clara ou vaga percepção. A oração é isso. A evocação do sagrado em nós recorrendo a uma imagem ou arquétipo que é activado pelo transporte – necessidade individual de atingir essa Parte de nós supostamente inatingível. As experiências místicas situam-se mais ou menos nesses estados que nos transcendem e são respostas ao nosso fervor e sinceridade. Daí que todas as fés e credos accionem as mesmas e idênticas experiências místicas. Tudo depende da projecção que se faz ou a ideia que se tem de um deus ou algo que nos transcenda. Ao longo dos anos eu mudei de perspectiva de “Deus”. E fiquei entre pagã e agnóstica o que não é inconciliável... Mas presentemente a noção ou experiência que mais me faz sentido é sem dúvida a ideia do DUPLO, designado por kA, segundo os egípcios. O meu duplo será, pois, o meu verdadeiro ser interior e que eu desde criança pressenti que me acompanhava e que se calhar é o que o vulgo chama de anjo da guarda... Isto não é tão simples assim, mas o kA é o nosso ser eterno e que nos assiste e a quem devemos a continuidade do nosso ser. É alias muito difícil reter esta ideia para quem se identifica exclusivamente com o seu corpo mental ou físico e sem nenhuma ideia do Espírito que não seja em abstracto, algo fora do corpo e além, no Céu, como Deus, por exemplo, mas o espírito está tanto em nós, alma, como no nosso corpo, só que o nosso intelecto não o abrange! O Espírito tem a consciência toda e nós temos como finalidade evoluir até essa totalidade e à medida que evoluímos e tomamos consciência do nosso Espírito através da nossa alma, nós somos mais Deus. Para isso é preciso unir os dois lados de nós: feminino e masculino. Unir todos os opostos. Antes disso, porém, tem a Mulher de ser inteira e nascer um novo Homem.

"Never doubt that a small, group of thoughtful, committed citizens can change the world. Indeed, it is the only thing that ever has."
-Margaret Mead



«O MON COEUR DE MA MERE TU EST LE KA DE MES TRANSFORMATIONS»

(...) O “eu” é o portador do nome que assiste, impotente, ao julgamento do seu coração. O Nome é o verbo aparente da personalidade humana terrestre; ele devia ser a expressão do seu Ka e da sua natureza, se ele estivesse correctamente atribuído. Ele é sempre a fórmula mágica que conserva a sua imagem na memória dos seres.
Ele é a veste do eu egoísta; é por isso, que quando este eu egoísta se apaga diante do homem consciente do seu fim altruísta, nós modificamos o seu nome para o pôr em harmonia com o seu Ser e a sua função verdadeira.
- Porquê que é que a alma - pássaro (BA) fica à parte na cena do julgamento?
- A alma divina é neutra, impassível e indiferente a esta história pessoal.
Se o homem não cultivou a afinidade do seu KA por esta alma, se ele não estabeleceu, por um apelo constante ao seu ser espiritual, a relação que é a sua consciência recíproca, a alma volta para a sua pátria, e o seu ser unificado não se poderá realizar." In HER-BAK “Disciple”, de Schwaller de Lubicz.
A alma tem de se ligar ao Espírito, não só através da oração (o Nome verdadeiro), como dessa consciência recíproca.


“E, eternos viajantes sem ideal
Salvo nunca parar, dentro de nós,
Consigamos a viagem sempre nada
Outros eternamente, e sempre sós;
Nossa própria viagem é viagem e estrada”.


Fernando Pessoa (e ele disse)

“Portugal é um ente. Esse ente tem de cumprir um destino. Esse destino envolve que as verdades que este livro revela sejam dadas primeiro em português do que noutra língua qualquer.”

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