O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sexta-feira, julho 19, 2002



Oye mi ruego, Isthar,
Luna de los Amantes.
De quien no sabe dar
enséñame a recibirlo todo.
D e quien no sabe abrirse
hazme llenar...


...llenar qué?, cómo era afinal? Ay, todavía olvidada! algo de un instante, de una copa...

in "LA VIEJA SIRENA" de José Luis Sanpedro


XVIII

Bailarina: ó transposição
em marcha de todo o transitório: como tu a ofertavas!
E o turbilhão no fim, esta árvore de movimento,
não tomava ele posse plena do ano conquistado?


Não floria, para que o teu vibrar de há pouco como enxame o envolvesse,
de repente o seu cume de silêncio? E sobre ele,
não era sol, não era verão, o calor,
este calor inúmero que de ti saia?


Mas também dava fruto, sim, a árvore do êxtase.
Não são seus frutos tranquilos: o jarro,
listrado de maturidade, e o vaso ainda mais maduro?


E nos retratos: não ficou o desenho
que o traço escuro das tuas sobrancelhas
inscreveu na parede do próprio girar?


Raine Maria Rilke

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