O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quarta-feira, julho 10, 2002

QUE LINGUA FALA A MULHER



"GÉNERO, IDENTIDADE E DESEJO"

ANTOLOGIA CRÍTICA DO FEMINISMO CONTEMPORÂNEO

"A escrita da mulher é sempre feminina; não pode deixar de o ser, no seu melhor será tanto mais feminina; a única dificuldade está em defininir o que queremos dizer por feminino. "
Virgínia Woolf


"É impossível definir uma prática feminina da escrita, e isto é uma impossibilidade que permanecerá, pois esta prática nunca será teorizada, cercada, codificadam- o que não quer dizer que não exista. "
Helene Cixous


"As mulheres dizem, a linguagem que falas envenena a tua glote lingua palato lábios. Dizem, a linguagem que falas é feita de palavras que te estão a matar. Dizem, a linguagem que falas é feita de signos que rigorosamente falados designam aquilo que os homens apropriaram. "
Monique Wittig, Les Guérillères


"A questão central em muita da recente escrita de mulheres em França é encontrar e usar uma linguagem feminina apropriada. A linguagem é o lugar por onde se deverá começar: uma prise de conscience deverá ser seguida de uma prise de parole... Nesta prespectiva, a própria forma do modo de discurso dominante revela a marca do domínio da ideologia masculina. Asim, quando uma mulher escreve ou fala, é forçada a falar como que uma língua estrangeira, uma língua com a qual ela pode não se sentir pessoalmente à vontade."
Burke,"Report from Paris"

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