O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

domingo, julho 14, 2002

"Eros do céu desceu em clâmide de púrpura..." FRAGMENTOS - r.m.rILKE Sou eu, rouxinol, eu quem tu cantas: aqui, no meu coração, essa voz faz-se violência já não evitável. O que poderia o teu sorriso impor-me que a Noite me não desse? ...ela que aqui quase com começo tímido na minha face começa e acaba - onde? onde? Em ti eu cessaria; mas assim esforço o coração, corro torrencial, e nunca o espaço tem bastante. NÃO HÁ SEPARAÇÃO; NÃO HÁ DIFERENÇA NÃO HÁ TEMPO NEM ESPAÇO, NO UNO, SAGRADO E ETERNO LUGAR EM QUE RESIDIMOS AFECTUOSAMENTE ALDEGISE MACHADO DA ROSA A integridade que nasce do carácter também altera o carácter A integridade é como uma pedra, intransigente. Dá chão à vida afirmando uma verdade decisão E sofrendo-lhe as consequências A integridade mantem-nos centrados - não agarrados às nossas dores - delas não-prisioneiros, sem oportunidade de transição para o Eden dúvida e luta Esforço e preserverança fé e escuta in "MEMÓRIAS DE ALDEGICE" as elegias a duino e sonetos a orfeu XXL Canta, meu coração, os jardins que não conheces; Jardins como que vazados em vidro, claros, inacessíveis. Água e rosas de Ispahan ou de Xiraz, canta-os ditosos, louva-os, a nenhum comparáveis. Mostra, meu coração, que nunca deles te privas. Que os seus figos a amadurecerem pensam em ti. Que convives c'os seus ares que entre os seus ramos em flor se sublimam como em faces. Evita o erro das privações para a resolução acontecida: de ser! Fio de seda, vieste entrar na teia. A qualquer das imagens que no íntimo venhas unir-te (seja mesmo um momento da vida da dor), sente que o que se tem em vista é o tapete, inteiro e glorioso.  RAINER MARIA RILKE Fosse essa a minha sorte, ó Afrodite coroada de ouro! Safo

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