ESPELHO DE VÉNUS
(...)
A quem estamos servindo, realmente? A que leis obedecemos? De onde vem o discurso que invergamos?
Poderíamos resumir essa conversa com a palavrinha mágica - Matrix ! - e tudo pareceria claro como no cinema, mas não funciona exatamente assim, por causa das anestesias a que fomos submetidos. Sabemos das guerras, dos mecanismos geradores de opressão, das chacinas em massa, da fome que arrasa boa parte da espécie humana, das desigualdades sociais, da ostensiva exaltação ao dinheiro como garantia do bem estar e de todas as formas de peste mantidas sem tratamento para protejer e garantir a sobrevivência de determinados segmentos, bem como somos conscientes do mal trato dispensado ao planeta, cujo desequilíbrio ambiental é gerador de energias erráticas, nascidas desse mesmo desequilíbrio. Vemos nas telas globais a profecia de George Orwell, explicitada na obra 1984, sendo cumprida alegremente e, ainda assim, os índices da imbecilidade geral sobem tanto quanto o Ibope.
Acreditamos piamente em código de barras, tomamos medicamentos para os males da sociedade moderna sem supormos que grande parte dos "remédios" é produzida com o sofrimento de animais em cativeiro e permanecemos alheios aos efeitos colaterais provocados, inclusive, pela forma como estes animais são mortos. Achamos inconveniente refletir sobre o fenômeno de distorção genética referente a altura e largura das crianças e adolescentes de hoje, contumazes consumidores de produtos artificialmente vitamininados e repletos de hormônios.
É bem verdade que nossos amortecedores naturais não nos permitem ir muito além, porque ver não significa exatamente enxergar e, definitivamente, machuca. Ora, amigos... convenhamos que a pasmaceira geral beira o absurdo! A seriedade dessa desconexão é tão grande que a maioria das pessoas sequer se deu conta de uma "estrela" imensa brilhando no quadrante oeste do céu, como tampouco imagina que se trata de uma Estação Espacial em construção e não Vênus, que está um pouco mais distante e agora sem tanto brilho ! Quantos de nós olha as estrelas e os céus, se as luzes da cidade parecem suficientes? Olhamos o relógio, certamente! O relógio que marca um tempo que não existe, um calendário absurdamente adulterado, desconectado das Leis Naturais e que nos fornece um recorte de tempo inexistente, um instante do "Não-Tempo", como diriam os ancestrais Maya.
De alguma forma, entretanto, o despertar está acontecendo lentamente e mesmo enlouquecidos pela orientação enganosa do tempo-espaço, desnorteados em nossos parcos sentidos, algo parece estar acelerando a tomada de consciência e a urgência de reconexão com a Mãe Terra. Há mudanças no ar... e que podem acontecer mais suavemente se cada um realizar, a partir de si mesmo, as micro-transformações necessárias em direção ao acordar definitivo, sem que esperemos debilmente que as trombetas anunciem, em tom apocalíptico e sombrio, que pisamos na bola.
Eu, Pandora do Vale, falei !
O SORRISO DE PANDORA
“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja.
Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto.
Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado
Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “
In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam
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