O SORRISO DE PANDORA
“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja.
Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto.
Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado
Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “
In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam
sábado, julho 27, 2002
Burgueses somos nós todos
ó literatos
burgueses somos nós todos
ratos e gatos.
Mário Cesariny
Mário nós não somos todos burgueses
os gatos e os ratos que tu quiseres,
os literatos esses são franceses
e todos soletramos malmequeres.
Da vida do verbo intransitivo
não é burguês é ruim;
e eu nas nuvens vivo
nuvens! o que direi de mim?
Burguês é esse menino extraordinário
que nasce todos os anos em Belém
e a poesia se não diz isto Mário
é burguesa também.
Burguês é o carro funerário.
Os mortos são naturalmente comunistas.
Nós não somos burgueses Mário
o que somos todos é sebastianistas.
(...)
Meu útero pátria emergente
Para nascer e ser saudável;
Amado meu que não foste a meu lado
Encoberto nuvem espectro
Ausência que sulcou meu leito
Único mediúnico tecelão
Entrelelaçados os fios inefáveis
De meus olhos minhas coxas meus cabelos
Minhas carícias país irrevogável
Onde o amor fornece o ar como um pulmão!
Invoco-te, irmão amigo amiga!
Pessoas dispersas da trindade
Que nunca foi pessoa verdadeira
E que fabricas solitária formiga
O tecto a mesa o sorriso a brasa
A rosa do calor de nós dois à lareira;
E a vós também invoco, ó deuses
De religiôes que alegram, as futuras!
Nossos Senhores imanentes seminais
Germinações de criaturas
Com quem depois vos misturais
Para que o óvulo da mistura
Se forme a ave-maria a pura
Entre os mortais
(...) um poema e excerto de outro
de Natália Correia
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