O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sexta-feira, março 29, 2002

"A vida pode ser sentida como uma náusea no estômago, a existência da própria alma como um incómodo dos músculos. A desolação do espírito, quando agudamente sentida, faz marés, de longe, no corpo, e dói por delegação."

Estou consciente de mim em um dia, em que a dor de ser consciente é, como diz o poeta,

languidez, mareo
y angustioso afán


"QUANDO DURMO MUITOS SONHOS, VENHO PARA A RUA, DE OLHOS ABERTOS, AINDA COM O RASTRO E A SEGURANÇA DELES. E PASMO DO AUTOMATISMO MEU COM QUE OS OUTROS ME DESCONHECEM. PORQUE ATRAVESSO A VIDA QUOTIDIANA SEM LARGAR A MÃO DE UMA AMA ASTRAL.PORQUE MEUS PASSOS NA RUA VÃO CONCORDES E CONSOANTES COM O OBSCUROS DESIGNIOS DA IMAGINAÇÃO DE DORMIR. E NA RUA VOU CERTO; NÃO CAMBALEIO; RESPONDO BEM; EXISTO."

Fernando Pessoa -- Livro do Desassossego

Sem comentários: