O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quarta-feira, março 20, 2002




Recebi a sua mensagem ontem. E fiquei a pensar no seu projecto. Ou no que eu penso sobre a educação... E digo-lhe que não há educação que nos valha enquanto a mulher não souber quem é essencialmente. Para mim o problema da humanidade inteira está na inferioridade e falta de consciência ontológica da própria mulher. Por outro lado acredito mais na intuição do que na razão, uma vez que sinto que o conhecimento verdadeiro é inato e não adquirido... E que o único meio de curar e educar é pelo amor genuíno, a mãe o filho/a. No amor da mãe, no equilíbrio das relações homem-mulher, no respeito de SER Humano, algo a despertar de dentro e isso só o amor-mágico, o verdadeiro amor que vem do conhecimento interior, da ligação do ser à sua alma; na fusão da alma-corpo-espírito vem a consciência profunda o segredo perdido; acredito numa iniciação, numa chave, num mistério e na possibilidade da sua revelação mais, muito mais do que na educação-informação...
A verdade não está em nenhum livro, mas dentro de nós.
Não são as palavras nem os conceitos, filosofias ou religiões que nos dão a dimensão verdadeira do nosso ser, mas a relação com o cosmos dentro de nós... O processo alquímico como uma nova ciência ligado ao ADN! A integração das nossas polaridades, a consciência dos vários corpos...
Sobrevalorizamos o intelecto e o poder mental, mas a consciência está muito para além do cérebro...
Penso agora, depois de vários caminhos, práticas e crenças que só o acesso a uma nova dimensão nos trará essa consciência do Ser Uno e integro. E temos que ir para além do tempo e do espaço através de um outro corpo que não o físico.Nem dos meros cinco sentidos. É preciso despertar outros... Os egípcios falavam em doze... Este é o meu caminho, mas no meu caminho Há a Mulher que é por excelência a mediadora dessas energias e sentidos. Por isso antes de tudo é preciso que a mulher desperte para o seu potencial mediúnico e de cura que só o amor cósmico dá acesso. Cabe à mulher iluminar o homem, como filho, como amante. Essa é a única educação que concebo, pois a educação social é só da influência e direitos de uma parte da humanidade. As mulheres estão excluídas desse universo e o pensamento filosófico é todo masculino orientado para e pelo hemisfério racional e materialista. O mundo objectivo e a metafísica como especulação pura. Tirando os grandes iniciados, claro, os mestres que eu já não sigo, porque eles, não todos, deixaram a Mulher de fora, partindo do pressuposto que o mundo era deles desde sempre e as mulheres deveriam sentir-se orgulhosas de servirem os seus senhores e amos...

SAFIYA

A mulher adúltera apedrejada há dois mil anos, salva por Cristo e a mulher nigeriana em risco de ser morta à pedrada e amputada por Ter engravidado fora do casamento e não tem nenhum Cristo que a valha, porque Alá não lhe vale, da mesma maneira que os presidentes e chefes do mundo inteiro pouco lhes importa uma mulher morta à pedrada ou à facada...
ISSO ACONTECE TODOS OS DIAS em todod o mundo, assim como redes pedófilas a explorar crianças aqui mesmo na nossa cara, quase dentro da nossa casa...na televisão! E o que é que fazemos? Nada!
Como é que você concebe a educação nestes termos e nestes tempos é que eu não sei... Dou-lhe o benefício da dúvida mas para educar pela Escola tem de se cingir à informação e formação clássica, ou não? Séculos sobre: ”conhece-te a ti mesmo e conhecerás o universo”, sem a chave do enigma: quem somos nós... “o si mesmo” é quem? Falta a peça chave no puzzel...O tal "olho singular" ou visão unívoca.

No outro dia num debate sobre a “Mãe” e o dar à luz , a autora defendia uma educação da mulher como mãe... Mas nada sobre a identidade profunda da mulher, a parte da mulher de que foi social e psicologicamente amputada e deturpada ao longo de séculos ou mesmo milénios! Se a mulher é um ser inferior e desprezada por consensos milenares, como pode educar filhos que a respeitem se a sociedade patriarcal a denegriu desde sempre?
A mulher não se pode cingir a um pensamento lógico... ou ao conhecimento intelectual; é isso que a diminui e a inibe de se encontrar ou encontrar a alma, mais do que o seu sexto sentido... A mulher “formada” e intelectual acaba por ser um homem de cabeça e quase não se destingue dele: a prova é que continua cindida e dependente e age como um macho sem beneficiar em nada e ainda leva porrada. O seu poder acaba na subjugação do homem que controla a sociedade e a família! Na prática poucos são os direitos verdadeiros das mulheres! Leis e papeis não servem para nada. As mulheres estão a aprender pelos livros dos homens, sendo eles os professores e os bispos, os detentores do poder seja ele laico ou religioso; as beatas cegas “ceguem” os padres misóginos ou pederastas, e nas escrituras sagradas são tratadas como bestas...

O mundo e a sociedade estão longe da sua essência e do conhecimento do seu ser inteiro, como uso dizer: corpo-alma-espírito, uma tríade inseparável. Durante milénios só o Homem existiu... e continua a ser esse o termo para Humanidade. Pouco ou nada mudou. A humanidade foi cindida em duas partes reinando uma parte sobre a outra e a outra parte, “a inferior”, ou seja, a mulher foi dividida, em santa e a puta, não se esqueça! Dessa separação monstruosa nasceu o caos e a guerra ou a idade das trevas em que ainda hoje vivemos. Tem alguma dúvida?

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