A ORIGEM DA SAUDADE I
EXCERTOS
(...)
Nas grutas do neolítico, dedicados à Grande-Deusa e nas nossas grutas do eneolítico até aos Mistérios de Elêusis, um mesmo culto e uma mesma iniciação se processaria e perduraria, através dos tempos. Para essa iniciação perfeita, necessário seria dar provas de saber vencer o medo, de dominar o corpo e a dor física, como actos de sublimação do humano, via ao divino: passagens sinuosas, portas estreitas, ambiente de trevas e de solidão, antecederiam necessariamente essa estação última de luz, como a concedida nas câmaras das grutas, pelo alto iluminadas: atingimento da verdade plena, ou o estado do ser humano antes da Queda. Ou estado depois da morte.
No centro do nosso país, a escolha das grutas naturais ou a construção das artificiais e das tholoi, teria pertencido ao sacerdócio de então, como detentor do conhecimento das correntes da energia telúrico-cósmicas atravessando o nosso solo e os pontos de seu cruzamento, como pontos máximos de sua concentração. Rede de correntes telúricas, por ela ligadas aquelas mais vastas e circundantes da rede cósmica: ou como sua projecção na terra. Seria o conhecimento desta estrutura energética, que teria marcado a nossa geografia sagrada.
Assim, nesta imortalidade telúrica e celeste, doada pala deusa-lua, fazendo-se no devir e ultrapassando-o através da sua dor e alegria, assumindo a terra e sublimando-a no céu, tentemos vislumbrar algo das origens da saudade.
(...) Pareceu-nos que, tendo a saudade sua existência peculiar neste território e humanidade galaico-português, e sendo dele herdado, suas raízes afundariam na mais funda essência sagrada desse território e humanidade, como sua religião primeva; (...)
in DA SERPENTE À IMACULADA” “– Dalila L.Pereira da Costa
(CONTINUA)
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“É por isso que, sabendo nós que, actualmente, o cristianismo é o velho, o decadente, a esterilidade e o inútil – nós, conquanto não saibamos claramente, nem nitidamente prevejamos o que se lhe seguirá, temos ainda assim a consciência de que , atacando-o trabalhamos pela nova fé; (...) preparamos o terreno para o edifício novo; que, arrancando as plantas que degeneram em bravias, nós deixamos o lugar livre para a semente que germinará em planta, para no fim, degenerar também em bravia (...), e ser arrancada por outros, para que outras plantas novas nasçam, e assim indefinidamente e incompreensivelmente no suceder-se dos séculos, e em favor do mystério infinito.”
iN "Pessoa por conhecer - Roteiro para uma Expedição" de Teresa Rita Lopes
FERNANDO PESSOA
Respirar em Fernando Pessoa é entrar no País verdadeiro: o da língua materna...
Saudade e tristeza, nostalgia e fado, memória da Mãe eterna.
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