O SORRISO DE PANDORA
“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja.
Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto.
Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado
Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “
In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam
domingo, janeiro 27, 2002
«je sors de toi mais indéfiniment retenue dans ton ventre»
LUCE IRGARAY
1
Lembro-me do paraíso
No teu interior
O paraiso:
Com árvores
e oceanos
Penumbras incessantes
num enredado princípio
E havia também a maça
Do teu útero
Sítio: da tentação do início
***** ***
8
Este cordão umbilical
Que nos liga
Do chão do teu corpo
Ao chão da minha boca
A respirar-te
Devagar
O coração
**** ***
9
Deito-me junto do sal
Das tuas raízes
Na água salgada
Dos teus olhos
A ouvir respirar
o teu corpo
**** ****
6
A tapeçaria da tua
voz
feita com animais de asas
Com casas
Com aves
Bordadas
**** ****
1
Falei-te
De um passado
Cheio de ondinas
De sereias e de aves
Com uma mãe por detrás
A comandar as fadas
*** ****
«que nous puissions nous gouter, nous toucher, nous sentir, nous écouter, nous voir – ensemble».
LUCE IRIGARAY
Poemas do livro de MARIA TERESA HORTA:
“MINHA MÃE MEU AMOR”
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