O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sexta-feira, janeiro 04, 2002

PORQUÊ MULHERES & DEUSAS?

Porque a mulher moderna se encontra separada da sua essência divina...
Porque a mulher moderna ignora a sua capacidade de mediadora das forças cósmicas e telúricas e esqueceu a sua origem de Deusa nas diferentes facetas a que a sua idade corresponde.
Porque a mulher perdeu a Chave dos Mistérios...

A mulher encontra-se alienada de uma parte importantíssima de si mesma e age de acordo com um modelo restrito que a sociedade patriarcal lhe impôs. Porque social e psicologicamente está presa a padrões e referência de utilização do seu ser ao serviço das instituições que a põem à margem se ela não lhes obedecer ou não servir os seus interesses! E se transgredir torna-se marginal ou converte-se na “prostituta” ou no mínimo na “cabra”... Todas as mulheres estão sujeitas a estes padrões, mesmo aquelas que se julgam libertas adoptando o modelo dos homens, o que ainda é mais grave. Raras são as mulheres com consciência de uma identidade própria.
A mulher tem de encontrar a sua essência na sua feminilidade radical e na integração da deusa que há em si. Só quando a mulher unir as duas partes de si e não mais aceitar a divisão do seu ser em duas, a amante e a esposa, a adúltera e a fiel, e a sua sexualidade se tornar sagrada tal como o seu corpo que é dádiva e nunca mais for “possuída” ou aceitar ser “vendida” (ou comprada)!

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DAHUD-AHES


Eu amo mulheres que ainda não são.
Mulheres que existiram outrora
E que esqueceram a sua origem mais profunda e remota.

Ó Deméter e Cora
Como te esqueceram as mulheres profanadas
Por milhares de amos, milhares de anos!

Sou eu
Quem neste mundo mais faz a corte a uma dama
A uma deusa de todas as eras que era soberana.

Sou eu
Quem mais ama a mulher que amo,
Ou a Alma inteira que sou!

In “Mulher Incesto-Sonata e Prelúdio”


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HOMENAGEM ÁS ARTÉMIS

A chaga de Ártemis

“A chaga de Ártemis envolve a solidão de ser relegada, psicológica e às vezes literalmente, as margens da sociedade. Seu amor ardente pela liberdade e a sua atitude mental independente tendem a tornar particularmente difícil os estilos de mãe, esposa ou profissional, que pertencem a Deméter, a Hera e a Atena. Na realidade, ela muitas vezes sentirá desprezo por valores e formas da sociedade convencional. E se sentirá magoada pelo facto de o patriarcado nunca ter conseguido conter a ferocidade de seu espírito ou reconhecer plenamente os seus dotes de mulher. “ (...)

in “A DEUSA INTERIOR” de JenniferBarker W. E Roger J. Woolger


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“O nascimento místico, parto na dor dum outro nome e sexo impreciso, e em que o sangue toma uma importância rítmica, culminando a imitação da paixão, é nada menos do que a união consumada que só a mulher conhece.
A feminilidade radical é uma ferida de amor, amor completo e permanente é atmosfera, onde o homem não se encontra à vontade.
Um pouco decepcionado pelo que há de repetitivo na adoração feminina, que é um desejo angustiado, ele trata de ignorar pela censura e pela psicanálise, o seu pequeno papel no ferimento de amor que é a mística feminina.”

“A MONJA DE LISBOA” de Agustina Bessa Luís



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ARTÉMIS

Eu sou a Amazona que, dos confins dos tempos
Veio para te libertar.
Sou aquela que não tem história, que não é deste mundo e que te veio buscar.
Eu sou a mãe e a amante escondida nos séculos,
Que viveu disfarçada de coruja, de velha,
Estropiada, bêbada e histérica;
A bruxa á espera do momento certo para te resgatar...

Eu sou a divina imagem que os homens já vencidos,
Ousaram eleger mas ainda à sua imagem
A tua pálida e multifacetada face de fada,
Druida, princesa encantada para eles desvirginarem,
e do pecado “salvar”...
Eu sou aquela que lutou por ti até à última gota de sangue
Aquela que empunha a espada do conhecimento,
Ou o arco de flechas, que de Afrodite se desdobrou em Eros,
E a superfície da terra envenenou de um amor singular e ardente,
Que queima todas as sementes e fez nascer o mal e o bem.

Eu sou Ariana abandonada, a Shekinadh repudiada.
Eu sou o fogo no teu coração,
A voz inaudível da tua alma atormentada.
Eu sou tu e tu és eu para sempre unidas
Neste vínculo de vida e morte,
Eternamente sementes do anjo e do diabo,
Amigas, irmãs e amantes de novo sobre a terra.

In. M.I.S e P.

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