O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quarta-feira, janeiro 02, 2002

ASCENÇÃO

Sinto os teus gestos vivos e o teu calor ainda...
A beleza da tua nudez, imaculada,
inunda-me e sucumbo
ao lembrar a tua boca rubra colada à minha
no delírio de te Ter ainda presa em mim.

Vens, como uma virgem branca,
uma pomba,
e sobes aos céus cheia de luz...
Elevas-te acima dos meus sonhos,
visão etérea
que me liberta deste amor sem fim.


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O CÁLICE

Beijar-te a planta dos pés
As raízes, as ramificações, os meridianos...
o chão que pisas, a árvore, a semente,
o fruto, o teu ventre doce e quente
e chegar ao teu coração.

Alimentar-me de ti, crescer.
E como uma pantera, selvagem,
com as minhas garras,
revolver a terra, os veios, um a um.
Encontrar a água e beber
do teu corpo vaso redentor
até me saciar.
Seca ou húmida a via alquímica
da matéria prima...
Mulher-Matriz.


"ANTES DO VERBO ERA O ÚTERO" (Livro não editado)



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Chegou, talvez, o momento de considerar o sentido que apresenta a nudez da mulher divina no seu aspecto de "Durga" e que está em oposição àquele por nós examinado da nudez do arquétipo demétrio-maternal, princípio de fecundidade. É o nu abissal afrodisíaco. A dança dos sete véus, uma das suas expressões simbólico-rituais mais fortes e sugestivas está ligada na sua origem a uma dança sagrada. Pertencia ao ensinamento dos Mistérios, o simbolismo da travessia das sete esferas planetárias, no decorrer da qual a alma se desprende pouco a pouco das diferentes determinações ou condicionalidades a elas ligadas, e concebidas como outras tantas vestes ou roupagens a retirar, até atingir o estado da "nudez" completa do ser absoluto e simples, que só se encontra a si próprio quando se situa para além dos "sete". Plotino recorda, justamente, neste contexto, aqueles que ascendem degrau por degrau aos Mistérios sagrados, ao mesmo tempo que vão despindo as suas vestes e avançamnus; e, no sofismo, fala-se de tamzig, a laceração da roupa durante o êxtase. (...) in "A METAFÍSICA DO SEXO " de Julius Evola

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