O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quinta-feira, abril 24, 2008

A DUALIDADE DO SER

"Entre o Aborrecimento e o Êxtase desenrola-se toda a nossa experiência do tempo" EMILE CIORAN

OS ESTADOS CO-EMERGENTES...

"Quem quer que olhe com honestidade para a sua existência verificará que vivemos num constante estado de suspense e ambiguidade, que as nossas mentes estão perpetuamente a saltar da confusão para a claridade e vice-versa. Se nos mantivermos confusos durante todo o tempo...isso já seria uma espécie de claridade. O que é realmente mais surpreendente a respeito da vida é o facto de por vezes - apesar de toda a nossa confusão – também conseguimos ser sensatos, e isto mostra-nos o que é o bardo: uma contínua e enervante oscilação entre a claridade e a confusão, entre o espanto e o discernimento, entre a sanidade e a insanidade. Nas nossas mentes, tal como somos agora, a sabedoria e a confusão surgem simultaneamente ou, tal como nós dizemos, são “co-emergentes”, o que quer dizer que enfrentamos uma contínua situação de escolha entre duas e que tudo depende do que escolhemos. Esta incerteza constante pode fazer com que tudo nos pareça árido e quase sem esperança, mas, se olharmos com mais atenção, verificaremos que a sua própria natureza cria fendas, espaços onde estão constantemente a florescer profundas oportunidades de transformação, se as conseguirmos distinguir e agarrar."

In O LIVRO TIBETANO DA VIDA E DA MORTE
Sogyal Rinpoche

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