O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

terça-feira, abril 29, 2008

a rosa secreta


"A característica mutante da mulher presente desde a pré-história revela hoje ser a grande chance para a reintegração das perspectivas femininas no pensamento da corrente dominante. E é claro que a consciência ecofeminista é a via política e ativista para garantir a consciência dos ciclos femininos."
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SENDO consciente das realidades inerentes à sociedade patriarcal, ENQUANTO ELA SE MANTIVER COMO TAL, eu não posso acreditar que a mulher tenha chances de reintegrar as suas perspectivas, justamento aquelas que lhe foram negadas ao longo dos séculos, pelos detentores do poder, no pensamento da corrente dominante a curto ou a longo prazo.

- Para a mulher poder reintegrar-se na sociedade a partir das suas próprias perspectiva e valores e das suas qualidades inerentes, ela tem de as reintegrar nela primeiramente associando-se ao Princípio Feminino, dentro da dimensão do sagrado. Só a partir de uma consciência renovada através do conhecimento da sua história no mundo, antes e depois de se ter tornado um ser subalterno, no resgate da sua dignidade, a começar pelo seu corpo, do seu sangue, dos seus ciclos, da sua alma, da sua mediunidade, da sua Visão e mistérios, ela terá um lugar no mundo. Doutro modo será sempre uma metade negada a remar contra a maré, quase sempre ridicularizada, votada ao descrédito...
Só numa mudança de paradigma, num refazer das estruturas sociais, políticas e económicas à medida de uma revalorização interior do seu SER integral a partir desse trabalho interior e só, é que a mulher vai conseguir afirmar-se nas suas qualidades essênciais no seu potencial máximo, mas nunca na afirmação dos seus valores perante uma sociedade que lhe é adversa como a patriarcal e que os nega na sua própria constituição.

Também não creio que a consciência ecofeminista, só por si, no olhar a Natureza sem a sua interiorização associando-a à sua própria natureza de mulher e enquanto via unicamente política, sirva a sua real necessidade se não houver pois essa consciência da dimensão do sagrado feminino. Qualquer movimento feminino sem essa dimensão está votado ao fracasso pois foi essa consciência que sempre faltou às mulheres activistas, que em geral, sendo materialistas, dialéticas ou não, positivistas ou comunistas, não possuíam a mínima consciência da sua dimensão ontológica ao ponto de, como algumas feministas intelectuais famosas o fizeram, a negarem.
Será que as mulheres de hoje não vêem esse paradoxo? rlp
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Não se pode continar a confundir o Sentido do Sagrado da Vida e da Natureza, e a sua manifestação divina, ou o que lhe queiram chamar, com as religiões que opondo deus à mulher e à natureza tudo deturparam e destruiram...

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