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(o castigo por seres violada...)
amnistia internacional
"Eram catorze aquela noite, explanações da discórdia da vida, furor animal, desprezo por todas as investidas amistosa e fraternas. Fez o corpo, através de caráter fraco, alimento selvagem. Valer-lhe-iam por duzentas chibatadas. Era a marca de não poder partilhar, isolar-se ao próprio abuso. Invadiu seu regalo, sua santidade, seu corpo domesticado, coberto, livrado do mal. A moléstia veio por ripícola atitude, grosseiro e incerto parâmetro.
Foram catorze naquela noite, por várias vezes, sem cessar, sem acomodar, sem limpar. Era o sangue e o esperma no final, era o rubro e o branco, o triste o sólido. A dor concreta e maçante da desigualdade, da calúnia, da discórdia.
Receberia duzentas chibatadas. Não se manteve casta, fora exposta ao deleite alheio, por catorze aquela noite, várias vezes sem cessar, em contínuas estocadas até sangrar. Ate desistir do seu corpo, até fingir não estar presente.
A porta se fecha e a vida obscurece. O pensamento torna-se torpe e desigual. A cultura não sustenta o que as palavras não exprimem. O corpo é dela como é meu. O sangue é dela como é o meu. A invasão dói nela como em mim se faz. Anistia na oração, remissão nos pensamentos, indulto ao coração de todas elas. De todas. Catorze vezes na penumbra de casa. Duzentas vezes no julgamento da massa. É a mão do homem, é seu falo mau cheiroso, asqueroso, doente. A vida obscurece. A porta se fecha. "
escrevinhadora M. Cambará N.
in ilissos: http://ilissos.blogspot.com/
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